sábado, 9 de maio de 2015

TEXTO 135/2O15 /DECISIVAS ESCOLHAS



Antigamente, no século passado era comum o jovem começar a trabalhar muito cedo, algumas vezes, antes da adolescência. Vale frisar que a Consolidação das Leis do Trabalho é da década de 194O e esta previa o trabalho do menor a partir de 12 anos de idade na condição de aprendiz com salário menor. Então não era contra a legislação o início do trabalho na mais tenra idade para ajudar no orçamento familiar. Vale lembrar que a lei de diretrizes e bases da educação estabelecendo a obrigatoriedade do menor frequentar a escola é bem posterior. Outra consideração importante é que a estimativa de vida das pessoas era menor e os homens segundo dados estatísticos morrem antes o que ocasionava a viuvez das donas de casa que passavam a contar com os ganhos do trabalho do menor. A legislação de previdência não era abrangente e sim setorial, pois só determinadas categorias contavam com alguma proteção de acordo com a categoria de trabalhador, assim sendo, o único valor que dispunham para sustento era do trabalho de filhos. Geralmente começavam como estafeta, entregador, empacotador e coisas que não demandavam maior aprendizagem. Verificava-se o amadurecimento precoce em virtude da responsabilidade em detrimento da infância e da escola. O trabalho ocorria por necessidade premente.

Hoje a situação é diferente. Há toda uma gama de normas de proteção ao menor e o aumento da idade para ingresso no mercado de trabalho além da obrigatoriedade de frequência escolar para o menor, os conselhos para fiscalizar e um leque maior de oportunidades para a frequência escolar como concessão de transporte, alimentação e bolsa família desde que os filhos frequentem a escola.

Saindo desta faixa cuja escolaridade é obrigatória e protegida passaremos a considerar a questão do jovem. Não dá para ignorar que o que faz o jovem trabalhar é a necessidade. Óbvio que quanto maior a escolaridade é melhor para conseguir melhor emprego. Agora, então vou me valer da experiência pessoal para embasar este texto narrativo senão estaria fugindo do tema solicitado que se refere à memória.

Quando eu tinha dezessete anos e estudava no último ano da Escola Normal que habilitava ao magistério fui convidada a dar aulas de inglês, no turno da noite em uma escola que tinha todo o curso ginasial, hoje Ensino Fundamental, o Curso Científico e o Clássico que correspondiam ao Ensino Médio atual. Neste mesmo ano terminaria o curso de Inglês que fazia no Centro Cultural Norte Americano através de uma bolsa. Comecei, então a trabalhar à noite lecionando, a princípio uma única turma de 2º ano Científico. Não fui por salário, embora necessitasse, mas pela experiência que teria. No turno da manhã seguia estudando. Foi algo muito produtivo e não interferiu na escola que era de manhã. Terminei as aulas no final do ano, fiz vestibular para a faculdade de Direito tendo obtido aprovação e no ano seguinte comecei o ano da seguinte forma. No horário da manhã fazia a faculdade, à tarde fazia o estágio da Escola Normal dando aulas para crianças e à noite continuei dando aulas de inglês, só que não mais para uma turma, mas para todas as turmas da noite, contando com a satisfação dos meus alunos terem feito um abaixo assinado solicitando minha permanência com eles. Além desta escola ainda dei aulas em um curso de inglês durante a faculdade.

Como tinha completado dezoito anos minha documentação foi toda regularizada como professora e nunca mais parei de trabalhar. Trabalhei nesta escola até minha formatura quando ,então, em virtude de ter sido aprovada em concurso público solicitei meu desligamento e troquei de atividade. Fiquei no serviço público até a aposentadoria. Fui muito feliz em minha vida profissional e agradeço ter começado a trabalhar cedo.

Meu filho seguiu meu exemplo e começou a trabalhar tão logo entrou na faculdade e após a conclusão fez concurso e foi ser professor.

A experiência e a desenvoltura que se obtém trabalhando é um diferencial no mercado de trabalho. Assim sendo sou a favor do trabalho junto à escola desde que isto não atrapalhe os estudos e a pessoa tenha maturidade e responsabilidade para assumir todos esses compromissos. Do contrário, escolho o estudo se for impossível conciliar os horários das atividades ou se a pessoa tiver limitações, dificuldades que a impeçam de fazer as duas coisas simultaneamente. Mesmo assim indico que o aluno faça estágios durante a sua vida escolar, acadêmica pelos motivos que expus acima.



Isabel C S Vargas
Pelotas/RS/Brasil
O9.O5.2O15

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