A cadeira de balanço era um móvel indispensável nas moradias do século passado. Em geral era a cadeira do vovô ou da vovó. Era a cadeira da leitura do jornal matinal, da sesta depois almoço, da leitura de um livro, de assistir televisão após a década de cinquenta.
Nas residências em estilo colonial,
geralmente havia uma no alpendre que circundava a casa, por ser um local
arejado, agradável de ficar jogando conversa fora como costumamos dizer em
nossa região.
Em minha casa não havia cadeira de
balanço, mas na casa de minha sogra havia uma que tinha sido da mãe dela. Era
muito antiga. Seu estilo era diferente das cadeiras de balanço mais comuns. Era
estofada no encosto e no assento e era uma cadeira baixa, assentada em cima da parte
torneada que era o balanço. Quando a conheci ela já não tinha mais a parte
inferior, tendo se transformado em uma cadeira normal, porém mais baixa que as
cadeiras normais. Ela ficava na sala de jantar, próxima a janela que dava para
o jardim de inverno. Virou peça de decoração, apenas, no canto daquela sala.
Sobre
o encosto uma manta de tricô colorida, toda em quadros feita por minha sogra.
Além da sala principal da casa
havia uma saleta, bem em frente à porta do jardim de inverno onde logo na
entrada, ficava a nova cadeira de balanço de minha sogra e era ali que ela
ficava, conversando com as visitas, tricotando, ouvindo rádio, assistindo
televisão.
Em fotos antigas é possível vê - la
na cadeira de balanço, a antiga, na fazenda, em outro município, em baixo de
uma frondosa árvore, uma figueira, acredito, onde desfrutava de bela sombra nos
quentes verões da campanha.
Quando meus sogros faleceram os
filhos se reuniram com a finalidade de escolherem os móveis e/ ou utensílios
que iriam ficar. Fui à primeira reunião e achei por bem não ir mais. Não escolhi
nada, porém em minha casa aqui na praia, onde resido há quase seis anos está a
cadeira de balanço antiga. A manta eu usei como cobre leito no berço de meus
filhos menores, Mudei o tecido da parte estofada creio que umas três vezes e
ela é muito aproveitada por ser muito gostoso sentar nela. É acolhedora. A última
lembrança de meu filho, em sua última noite entre nós foi sentado nesta cadeira
com o notebook no colo e perguntando o que havia de bom para comer, quando
chegamos a casa, uma vez que ele havia chegado antes de meu marido e eu.
Os objetos tornam se de valor,
exatamente por isso, pelo valor sentimental que eles adquirem, e pelas
lembranças que nos remetem ao longo de nossa vida.
Isabel
C S Vargas
Pelotas/RS/Brasil
11.11.2O15
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