SEM RETORNO À TERRA NATAL
Ele era
jovem, bonito e saudável. Segundo filho de um casal do sul do Brasil. A mais velha,
Lorena, ele, Eduardo e o caçula, Rodrigo. O pai era do exército. Família de
classe média, viveram sempre no sul, em cidade de porte médio. Como era de
esperar, Eduardo seguiu a profissão do pai e ingressou no exército. O incentivo
era natural. Respeito, boa remuneração, segurança eram fatores que contribuíram
para a escolha, além de agradar o genitor. Tempos de paz, contribuíram, também.
Afinal, nenhum risco a temer.
Em
certa ocasião o pai conseguiu uma transferência para o Rio de Janeiro.
Foi toda a família, inclusive Eduardo que também obteve
transferência.
Lá
ficaram cerca de dois anos. Eduardo voltou à cidade para rever familiares.
Visitou uma a uma cada família de tios, primos, primos em
segundo grau. Estava feliz.
Vinha se despedir ia ser enviado com um contingente para a
região amazônica com a finalidade de manutenção de fronteiras. Iriam enfrentar
a mata, enfermidades típicas, acampamentos ilegais de garimpo, de madeireiros,
e tribos indígenas de raro ou nenhum contato com o restante da população.
Todos ficaram felizes com a felicidade de
Eduardo, mas uma ponta de preocupação existia em todos.
Voltou ao Rio e de lá um mês depois seguiram na missão.
Uma das notícias que a família teve dele foi que o local era tão
difícil, tão selvagem que eles tinham que andar amarrados uns aos outros para
não se perderem na floresta fechada.
O que houve depois disso? Ninguém sabe.
Receberam um comunicado oficial, condecoração. Eduardo estava morto e
seu corpo não fora encontrado.
Realmente, ele se despedira de toda a família antes da partida.
Aos pais a sensação de perda do filho em uma guerra cujos inimigos eles
desconheciam a identidade.
Não tiveram um corpo para velar e enterrar, nunca souberam a história
real.
Isabel C S Vargas
Pelotas/RS/Brasil
3O.11.2O15
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