quinta-feira, 17 de março de 2016

MEUS TEXTOS APRESENTADOS EM 2014 EM AUGUSBURG POR ALEXANDRA MAGALHÃES ZEINER NO PROJETO MULHERES ENTRELAÇADAS

DOCES GUERREIRAS


Desejo falar sobre as mulheres de agora,
Mas que carregam em si muito daquelas de outrora,
Identificadas nos anseios,
Nos sonhos, nas dores.
Nas vitórias e nas derrotas,
Nos amores e desamores,
Na doação irrestrita aos filhos,
Na batalha constante pela sobrevivência
Para provar dia após dia,
Seu valor e competência.
Mulher forte, mulher guerreira
Ao mesmo tempo delicada como flor.
Prioriza o amor, sem ele não sabe viver
Capaz de suportar maior dor,
Sempre com sorriso aberto

ISABEL C S VARGAS


SOBRE A MULHER


A cada ano, em datas especiais parece que obrigatoriamente
temos que falar algo, nos manifestarmos, exaltando conquistas
ou enfatizando carências.
Não é impositivo que assim seja.
Ao ensejo do dia 08 de março, não vou escrever sobre a história,
sobre atos heroicos, ou exaltação das qualidades femininas. Já
fiz isto em outras ocasiões.
Desejo ressaltar é aquilo que o médico psiquiatra e pesquisador
Dr. Augusto Cury denunciou em sua obra sobre a ditadura
cruelmente imposta às mulheres- a ditadura da beleza- impondo
um padrão de beleza universal que hoje não atinge só as
mulheres ocidentais, mas também os orientais, desconsiderando
biótipo, cultura, saúde física ou mental.
A mídia –impressa, ou televisiva- só valoriza a mulher que
corresponde ao que é exigido pelos anunciantes, pelos
patrocinadores, estilistas ignorando a mulher comum, normal.
A propaganda carregada de mensagens (explícita e subliminar)
atinge um imenso contingente feminino, de qualquer idade,
posição social ou cultura levando-as, a despeito da inteligência
de que são dotadas, a sentirem-se desvalorizadas, inferiores, se
não se enquadram nos padrões veiculados.
O mercado da publicidade, da moda e da beleza está atingindo
crianças, adolescentes, mulheres maduras causando danos
psicológicos, emocionais, físicos, enfermidades sérias como a
bulimia, anorexia e não raro causando até o suicídio.
O autor fala em síndrome do Padrão Inaceitável de Beleza que é
construído em cima de um padrão doentio, que exige acima dos
parâmetros normais de saúde, induzindo à baixa autoestima,
distorção da autoimagem, ansiedade, depressão, sensação de
fracasso, inadequação, desvalorização do aspecto físico, por não
se assemelhar ao que é imposto.
É algo maquiavélico. Quando as mulheres olham um simples
comercial de bolsa, sapato, roupas, sabonete, xampu,
desodorante, roupa íntima, maquiagem, perfume, esmalte,
cerveja e produtos masculinos elas não registram em seu
inconsciente só os produtos, suas especificações e vantagens,
mas as modelos, as mulheres que os apresentam também. Isto
reforça esta imagem. Só tem sucesso, só tem valor o padrão de
beleza apresentado. Por não se enquadrar na exigência, as
mulheres desenvolvem ansiedade, o que as induz ao consumo. É
o velho e conhecido capitalismo imperando e destruindo a
autoestima de milhões de mulheres.
Todas passam a consumir mais para tapar o buraco emocional
causado pela imposição de um padrão inatingível, que ignora
herança genética, cultural ou os danos emocionais que possam
causar.
O autor fala em ditadura interior, que distorce a crítica e a
realidade e cujo objetivo é promover a insatisfação. Quem está
satisfeito, está tranquilo, não cai nas chamadas ardilosas, não
precisa consumir em excesso para ser feliz.
O mais grave é que estas sequelas causadas pela imposição
midiática não se esgotam no presente necessitando de décadas
para serem superadas.
As mulheres esquecem que o padrão de beleza exigido ou
retratado no decorrer da história não era rígido estando ligado
aos aspectos culturais e de saúde ditados pela sociedade da
época. Hoje eles são ditados pelo consumo. A lei é ter mais e não
ser mais.
Creio que na data de hoje, além de prestar um tributo de
respeito às precursoras das lutas pela igualdade e valorização da
mulher, cada uma deveria ter um olhar mais lúcido e crítico sobre
tudo aquilo que aparece diante dos olhos procurando vender
juventude eterna e felicidade associada ao aspecto físico. Que
não se acredite em todas as fantasias vendidas nas revistas
femininas, nas quais as relações de consumo aparecem
mascaradas e todo anunciante aparece como um grande benfeitor
capaz de acabar com as mazelas de cada um.
Que o Dia Internacional da Mulher seja um dia de
valorização interior, de elevação de autoestima, de cultivo de
bom-humor, alegria, de respeito a si mesmo e as limitações de
cada um sejam aceitas como princípio fundamental e que
ninguém em função delas se ache indigno de ter sonhos, de lutar
por objetivos, de ser feliz e realizado.



Nenhum comentário:

Postar um comentário