Minha
lagoa, meu paraíso
Há cinco
anos que mudei de residência. Há coisas inexplicáveis na vida. Residia em apartamento
e tinha uma casa na praia onde nem gostava muito de ficar por gerar
instabilidade em função de segurança.
Viemos passar
um Natal e nunca mais saí. Reformamos algumas coisas no aspecto de segurança e
ficamos nesta casa, pois meus filhos gostavam e em função dos cachorros.
Muitas
coisas ocorreram e eu que pensava não resistir aqui estou. E, estou sozinha. Perdi
meu filho e meu marido, minha filha e minha neta mudaram e eu resisto.
Estou perto
da natureza. E ela me abastece e me dá forças. No primeiro dia apos a tragédia
fiquei à beira da lagoa com meu marido, abraçados, desesperados e foi ali
naquele local que meu filho amava e passava as folgas que conseguimos nos
acalmar e respirar fundo para enfrentar todos os restantes dias de nossas vidas
sem nosso
menino. A dele foi curta. A minha segue. E, aqui passo horas
vendo o movimento das ondas da lagoa a nos mostrar que esse movimento é o
movimento da vida. Nunca é igual. Às vezes intenso, outros de pura calmaria. A
luz que bate na lagoa sempre é diferente fazendo mudar a cor de suas águas.
Há dias
que a maré sobe e outros que a lagoa parece ficar mais distante. Ao fundo, bem
longe de nós que ficamos na beira da praia
é possível observar os navios que passam no canal de São Gonçalo rumo ao mar.
Nos
domingos o movimento é igual ou maior que o de uma praia de mar. Ao longo dos
dois quilômetros de orla os carros estacionam em sentido obliquo e as pessoas
sentam em cadeiras de praia ou nos bancos dispostos na orla toda requalificada
com blocos retangulares regulares que permitem às crianças andarem de skate, patins,
patinete e bicicletas. Famílias inteiras passeiam, conversam e desfrutam do sol,
dos amigos, do ar e da bela paisagem.
Há
restaurantes, padarias, quiosques nos quais é possível comer deliciosos
lanches.
A longa
extensão de areia entre o calçadão e a água permite que jovens joguem, crianças
brinquem e outros fiquem tomando sol a fim de adquirir um bronzeado.
Ontem, em especial
foi um dia por demais aprazível. Minha filha, meu genro e netos chegaram por
volta de uma hora e fizeram um pic-nic na beira da praia.
Jogaram
bola, subiram em árvore, correram, fizeram castelos na areia, molharam os pés,
comeram sorvete, bolachas, tomaram suco e não viram as horas passarem.
Como estava
um dia quente, a sombra das arvores era um local muito procurado por
todos. Havia tanta gente que as ruas perpendiculares
à praia ficaram lotadas de carros.
As árvores
características do local são as frondosas figueiras centenárias que não podem
ser danificadas em nenhuma hipótese. São características do lugar e preservadas
por lei de proteção ao meio ambiente. As residências que se abrem de frente para
a lagoa deixam tudo com ar de festa, de alegria e cor.
Ainda há
muita mata ao redor e nestas matas é possível encontrar animais em estado
selvagem, com porcos do mato, capincho. À noite também aparecem gambás nos
telhados.
Nos dias
de verão encontramos jovens praticando Wind surf, outros andando de
Jet ski ou praticando outros tipos de esportes náuticos. Pela
lagoa é possível ir até a Ilha da Feitoria ou à Ilha de Torotoma, locais que
ainda vivem distante da civilização, e que os habitantes não desfrutam de
comodidades.
Minha
filha mais nova se juntou a nós e nós fomos todos nos encontrarmos com minha
filha mais velha, o marido e as crianças. Encerramos nosso domingo na lagoa por
volta das dezoito horas quando exaustos retornamos cada um para suas casas,
felizes pelos momentos vividos à beira da lagoa que nos passa uma doce sensação
de liberdade.
Isabel C S Vargas
Pelotas/RS/Brasil
31.O8.2O15
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