sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

TEXTO 11/2016/ ÀS MÃES QUE PERDERAM SEUS FILHOS/ ENSAIO

                           






                               ÀS MÃES QUE PERDERAM SEUS FILHOS/ ENSAIO

             Quando as mães têm filhos eles são direcionados nas brincadeiras de acordo com o sexo de cada um. As meninas são direcionadas a serem donas de casa, companheiras de seus maridos, e a serem, sobretudo mães.
É certo afirmar que com o advento da internet e o avanço tecnológico fantástico, as crianças de hoje ganham um tablet para ver filmes infantis desde bebê, assim ficam entretidas, antes mesmo de ganharem sua primeira boneca, que representa, senão a sua própria imagem, a representação de um filho, com o qual elas aprendem a interagir, a cuidar desde a mais tenra idade.
              Pois bem, se não está no DNA das mulheres ser mãe, culturalmente, elas são preparadas desde a primeira infância.
Ponto pacífico: As mulheres adoram crianças. Seus filhos, desde a concepção tornam-se o ser mais importante de suas respectivas vidas. Carrega no útero o ser que será o centro de suas atenções, a razão de suas vidas até o dia de sua morte.
Filho é sagrado. Carregar um filho no ventre e dar à luz é morrer um pouco - morre sua vida anterior- para renascer para outra vida-aquela em que ela passará a não ter vida própria, visto que girará sempre em torno do rebento. E assim o marido passa a ocupar um papel coadjuvante. Ele até sentirá ciúme daquele ser que lhe roubou a esposa.
 E a mulher, agora mãe, principalmente e exclusivamente construirá sua vida em função da saúde, do crescimento, do bem estar do nenê até quando ele não mais for nenê, porque continuará sempre em primeiro lugar em sua vida.
             Isso tudo é bonito quando segue assim por todo o sempre, mas a vida real é mais dura, mais trágica, apesar dos momentos lindos e gratificantes. Ao nascer ninguém tem a garantia de que não sofrerá, pelo contrário, afirmam todos que o sofrimento transforma, torna as pessoas melhores. Não é amassando a uva que temos o vinho? Não é queimando o milho que temos a pipoca? Colocando a água fervendo que temos o saboroso café? Não é no fogo que transformamos os alimentos? Com o ser humano há quem diga e as doutrinas pregam, também, que o sofrimento é inerente à vida e através dele nos aproximamos do criador.
           Pois bem, mesmo contra a natureza, pelo menos assim nos parece, os filhos morrem. Nunca deveriam morrer antes de suas mães. Mas morrem e como ficam essas mães? A perda de um filho é o que há de mais atroz. E são tantas as que perderam seus filhos amados, nas mais diferentes épocas, nas mais diferentes condições ou situações.
            Quem perde os pais é órfão, mas quem perde um filho como definir?
            Somos, as mães nesta situação, como exilados, expatriados, privados do contato, da vivência, do odor característico,  da comunhão diária de parte de nós mesmos.
          Vivemos qual errantes sem lugar que lhes caiba pelo tamanho da dor que lhes sobressai corpo à fora, arranca as entranhas, estraçalha a alma, fazendo perder todos os sentidos.
           Um filho é como o sal da vida, luz do mundo e mesmo com todo carinho, amor, dedicação e cuidado que devotamos não conseguimos impedir sua partida, não somos donos de nossos destinos, muito menos dos deles.
           A impotência emudece, aniquila e paralisa.
           E apesar de todas as dores sentidas, todas as mães fariam tudo de novo e mesmo com a perda são felizes por ter tido a felicidade de ter sido mãe daquele filho que não está mais ao seu lado, mas que, certamente, estará dentro de seu coração e em seus pensamentos até a eternidade.

                                           Isabel C S Vargas
                                          Pelotas/RS/Brasil
                                            23.01.2016

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