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   Isabel Cristina Silva Vargas  Pelotas / RS
Surpresas da noite
A noite propicia acontecimentos inusitados. Geralmente é à noite que os larápios agem pegando as pessoas de surpresa. Certa ocasião a família já estava preparada para dormir. A casa era de esquina, pequena, modesta e na quadra seguinte era o quartel da polícia militar. O quarto do casal ficava na janela da frente, a uns metros da porta, dobrando a esquina era a janela de outro quarto e o portão que dava no pátio onde havia a janela do banheiro, a da cozinha, da sala e a porta da cozinha. O pátio circundava a casa. Em um momento da madrugada, uma mulher começou a chamar junto da janela da frente pedindo que abrissem a porta. Não dava para identificar se estava chorando ou se estava bêbada. Falava em tom meloso. Todos acordaram assustados. Não sabiam o que fazer. O pai e a mãe visivelmente assustados paralisaram. A filha menor chorava. A irmã mais velha e o irmão do meio, com seus dezessete anos tomaram as rédeas da situação. Sem fazer barulho ela foi até a janela. A lua iluminava a calçada. Deu para ver que junto à mulher havia um homem. Decidiram o que fazer. Ligaram para o quartel e solicitaram que um policial fosse lá. Enquanto isso disseram ao pai que se acalmasse que eles iriam sair pelos fundos e interpelar a dupla que estava na rua e quando ouvissem a voz deles que abrisse a porta. Foi o que fizeram. Tudo sincronizado. Eles chegaram junto à dupla, o pai abriu a porta e o policial chegou. Parecia filme. Mais certo impossível. O policial constatou que a dupla estava bêbada, sem noção do que estavam fazendo. Levou-os no carro não sem antes orientar a família que não repetissem a proeza, pois se fossem assaltantes poderiam ter ficado em apuros. Certamente, não repetiriam a façanha nunca mais. Afinal, a época do acontecido foi lá pelo início dos anos setentas, em que a violência era mínima comparada com a de agora. http://www.camarabrasileira.com/scp15-024.html |
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