quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

TEXTO 07/2018 /BRINCAR SEM ABUSAR

Prezado  amigo Carlos.


Seu amigo Sapo enviou-me um e-mail avisando sua chegada à  minha cidade. 
Fiquei preocupada em receber tão estranha figura,considerando  o mesmo ser um alienígena  cujas reais intenções  não sabemos na íntegra.
Considerando que moro na praia,uma praia de lagoa de água  doce que dependendo da maré  entra água  do mar e fica salgada proporcionando  uma boa safra de peixe e camarão, marquei de nos encontrarmos na praia,visto que não me atrevi a receber em minha casa um desconhecido interplanetário. 
Minha surpresa foi grande ao recebê -la, sim ela, porque o visitante tem o poder de assumir a identidade que desejar e,para mim veio em uma personagem feminina,misto de sereia e mulher.
Loira, olhos azuis,rosto angelical, linda cauda de escamas lilás, que de acordo com a luz do Sol  ficava mais intensa ou mais azulada, formando uma escala ao longo da mesma de diversas tonalidades.
A princípio tinha pensado em oferecer para sua degustação  pastéis  de camarão  e peixe , muito apreciados aqui.Entretanto,devido sua identidade de mulher e sereia ela informou não gostar de ingerir seus companheiros da água, pois acreditava ser politicamente incorreto e também  por não ter coragem.
Ainda bem que minha cidade é  de tradição portuguesa o que me deu uma gama de possibilidades para ofertar-lhe.
Fomos na confeitaria mais badalada da praia onde ofereci-lhe sucos feitos na hora e doces típicos, pois, anualmente , realizamos a Festa Nacional do Doce.
Ela, Aurora degustou quindim,fios de ovos,negrinho,branquinho, brigadeiro, trouxinha de nozes, bombom de morango,de uva,pastéis  de Sta Clara,bem-casados,torta de maçã, tudo quanto ela conseguiu provar  até  sentir-se estufada e satisfeita,além  de encantada.
Depois disso,passeamos na praia onde ela foi a sensação, sendo que as crianças acreditavam ser uma pessoa com uma fantasia que deixava aparecer uns minúsculos pés à  frente das roupa de escamas coloridas.
Para conhecer mais das tradições  do Sul do Rio Grande do Sul, levei -a no Museu da Baronesa, no Centro de Tradições Gaúchas  onde  conheceu as danças e a indumentária  típica do Rio Grande.
Tão bem entrosada e mostrando sua versatilidade ,ao ser convidada para aprender as danças gauchescas não  se fez de rogada e saiu a girar no salão,aprendendo nossa dança que tem muita semelhança com as danças típicas portuguesas.
Por fim, ofereci-lhe um chimarrão que ela sorveu lentamente e, após,  despediu-se prometendo voltar aqui após  retornar do Uruguai, para onde se dirigia, visto  ser bem próximo daqui,umas poucas horas de viagem.
Assim foi nosso contato ,só  não perguntei sob que forma chegaria lá, nem.como retornaria.

 Isabel C S Vargas
Pelotas, RS ,Brasil

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