terça-feira, 9 de janeiro de 2018

TEXTOS PARA ANTOLOGIA DO CELEIRO DE ESCRITORES/COLETÂNEA IDADE DE OURO/LONGEVIDADE POÉTICA

                              TERCEIRA IDADE:EDUCAÇÃO E CULTURA NA DIVERSIDADE


              Quando se fala no assunto referente à educação para esta faixa etária, em um primeiro momento o que as pessoas são levadas a pensar é na escolaridade nos moldes da educação regular, até porque em decorrência do Estatuto do Idoso foram criadas as Universidades para a Terceira Idade. Não é e errado assim pensar, porque o idoso pode recomeçar ou se reciclar.
         Ao falarmos em educação associada ao envelhecimento o fazemos considerando que a população idosa hoje é bem maior que na década anterior, assim como a expectativa de vida. Outro dado é que o comportamento do idoso da atualidade é bem diferente dos idosos de outras décadas. Como as pessoas deverão viver mais, então que vivam melhor, com mais qualidade de vida, mais prazer, que se permitam realizar sonhos outrora não realizados, que desenvolvam potencialidades ou habilidades que por qualquer motivo tenham ficado em segundo plano ou esquecidas.
 Aqueles que nunca freqüentaram os bancos escolares poderão fazê-lo hoje através de grupos específicos, criados para este fim.
         O indivíduo não é um ser acabado, devendo procurar se aprimorar sempre. È natural que na terceira idade prossiga neste processo de crescimento, inserindo-se em diversos grupos, ao invés de isolar-se, deprimir-se e/ou viver à margem das inovações.
A educação na terceira idade pode estar ligada a um processo informal de aquisição de conhecimento, de desenvolvimento de habilidades, ou de contato com novas tecnologias que podem facilitar a vida de cada um.
         A educação informal pode ocorrer por meio da leitura, de palestras, de viagens, visitas a museus, exposições,filmes, concertos, participação em grupos de interesses diversos, de aprofundamento da espiritualidade e da religiosidade, de aprendizado sobre o processo de envelhecimento, o que facilitará a compreensão e aceitação desta nova etapa da vida.  Também pela convivência e troca com pessoas de outras gerações, pela curiosidade em desvendar as novas tecnologias como uso de telefone celular, manuseio de eletrônicos e eletrodomésticos, objetos estes que outrora eram raridade e que ao dominar o funcionamento estará se permitindo experimentar novas oportunidades de aprendizado, de lazer, entretenimento, possibilitando manter diálogo a respeito destas novas experiências, o que sem dúvida favorece e enriquece o relacionamento interpessoal.
           A educação e o aprimoramento na terceira idade devem visar aspectos relativos ao melhor relacionamento, maior inserção social, elevação da auto-estima, desenvolvimento de habilidades que proporcionem prazer, alegria de viver, facilidade de entendimento do mundo atual, não vivendo só do passado.
          As atividades voluntárias propiciam crescimento pessoal, e é importante o seu desenvolvimento, em especial nesta época da vida, que vão auxiliar para que a etapa de envelhecimento não se caracterize só por perdas, mas por incontáveis aspectos positivos para as partes envolvidas.
Há um mundo novo a ser descoberto, desde que cada um se disponha a nele entrar, para os mistérios desvendar superando dificuldades, barreiras interiores e preconceitos.
                         
                         Isabel C S Vargas
                      PELOTAS/RS/BRASIL








LEMBRANDO AS PALAVRAS DE CÍCERO
Considerações
por Isabel C. S. Vargas

Na atualidade, muito tem sido pesquisado e escrito sobre a terceira idade, pelo aumento da idade média de vida e pela perspectiva de um aumento considerável desta população. São teorias, estudos, pesquisas, políticas públicas, leis visando proteção, qualidade de vida, inserção na comunidade, abertura de novos campos de atividade para o idoso e para os profissionais que venham a lidar com as pessoas desta idade, como gerontólogos, profissionais de educação física, informática, música, dança, psicologia, fisioterapia, etc.
Existe toda uma preocupação em que a terceira idade seja vivida com prazer, com sentimento que induza à fruição deste período como algo que é recebido como uma graça, uma conquista, não com sentimento de desvalia ou pensamento angustiante com relação à morte.
 
É curioso que Cícero (Marco Túlio Cícero) em 44 a.C já se preocupava com isto demonstrando sentimento semelhante ao da atualidade. Em SABER ENVELHECER podemos destacar partes interessantes quando ele diz que há quatro razões pelas quais seria possível acharem a velhice detestável que são:
_afastamento da vida ativa;
_ enfraquecimento do corpo;
_privação de prazeres;
_proximidade da morte
Ele próprio rebate dizendo com relação à primeira assertiva que embora a velhice não esteja incumbida das mesmas tarefas que a juventude, há outras que faz mais e melhor visto que são outras as qualidades requeridas, como a sabedoria, a clarividência, o discernimento.
Á preocupação com o envelhecimento do corpo e o consequente declínio de memória, ele se contrapõe citando aqueles que criaram obras notáveis apesar da idade. Enfatiza que a velhice não deve ser inerte, mas ocupada a ponto de procurar aprender coisas novas. Cícero dedicou-se a aprender literatura grega já em idade avançada.
Atribuiu grande parte do envelhecimento, à herança de uma juventude voluptuosa ou libertina.
Incentiva o cuidado com o corpo através do exercício físico, comer e beber o necessário para recompor as forças, ocupar o espírito e a alma.
Com relação à privação do prazer, afirma que a velhice não é insensível a ele.
Há moderação, substituição de prazeres e liberação da alma das paixões. As pessoas passam a viver mais “consigo mesmas”. São muitos os prazeres do espírito desenvolvidos o que permite este modo de viver mais tranquilo.
Ao medo da proximidade da morte contrapõe a assertiva que este medo não é específico da velhice, pois é um risco compartilhado também pela juventude. Aos que pensam que a morte termina com a alma, aconselha despreza-la e aos que creem na imortalidade, deseja-la, além do que, quem, jovem ou velho, pode ter segurança de estar vivo a cada amanhecer ou anoitecer?
Por fim, mais um pensamento sábio ao recomendar aceitação do tempo que cada um tem para viver procurando fazer neste tempo o melhor e que no momento de partir o faça como quem sai de um albergue onde foi recebido, posto que a natureza oferece uma pousada provisória.





 Os idosos e o abandono

   Um dos grandes dilemas da sociedade atual é o que fazer com o idoso de sua família. Diriam todos que lessem esta frase que idoso não é problema, é uma benção, com o que eu concordo plenamente. Os idosos, os avós são pessoas em geral cheias de experiência, de ensinamentos para passar aos netos e até aos filhos no sentido de harmonizar as relações familiares, entre pais e filhos. São cheios de encantamento e doçura com os netos a quem amam duplamente por estarem tendo oportunidade de reviver sua própria maternidade sem o ônus da responsabilidade de educar porque esta cabe aos pais.
Não raro encontramos idosos colaborando para o sustento familiar com os valores de sua aposentadoria sendo que em muitos casos, nas classes de menor poder aquisitivo é seu provento de aposentado que mantém as necessidades primordiais. Neste segmento, os idosos permanecem junto aos seus pela dependência dos demais.
               Não podemos, entretanto, negar as mudanças que ocorreram na sociedade. Em 1970 o Brasil era um país de jovens. Hoje é um país de idosos com muito pouco de políticas públicas para atender o idoso. Ressalte-se que um dos últimos benefícios, além da aposentadoria, até então o único garantido por lei, foi a aquisição dos medicamentos pela farmácia popular o que diminuiu os imensos gastos com medicação a uma população cada vez mais crescente. Também a gratuidade no transporte público veio a auxiliá-lo no plano econômico.
                      Outro dado importante: Há sessenta anos as mulheres que trabalhavam formavam um contingente infinitamente menor que o da atualidade. O acesso à universidade e ao mercado de trabalho era muito mais restrito. Logo, a mulher permanecendo em casa, havia quem cuidasse do idoso.
                     As famílias eram mais numerosas e moravam em habitações maiores, podendo morar o casal e os filhos casados no mesmo local.  Em geral estas casas deram lugar aos edifícios. Moradias menores, com menos pessoas habitando. As famílias passaram a programar-se e a ter menos filhos. As mulheres tornaram-se tão profissionais quanto os homens. Os pais envelheceram. Aqueles que têm renda própria, condições financeiras de se manter, saúde física e mental, conseguem gerenciar sua vida. Com outras propostas surgidas na atualidade, como universidade para terceira idade, incentivo para viagem, estes conseguem desfrutar da idade avançada com grande qualidade de vida e satisfação pessoal.
                    A problemática surge quando os idosos tornam-se dependente física e economicamente.
                   Quem cuida do idoso doente se todos devem prover seu sustento e os filhos menores estudarem? Ai, então surge um dilema sério. Colocar ou não em casas geriátricas? Hoje o número destes estabelecimentos aumentou consideravelmente assim como os valores por eles cobrados. Geralmente estes valores são muito superiores ao poder aquisitivo da classe média baixa e classe média média, seguindo as classificações sociológicas. Há casas, evidentemente, para todos os segmentos, porém o tratamento será diferenciado quanto à qualidade do local e as qualificações oferecidas.
                 Muitos colocam nas instituições consideradas básicas no quesito de atendimento qualificado e lá deixam seu idoso indo visitá-lo esporadicamente , quando não o abandonam de vez , deixando-os naquilo que poderíamos chamar de limbo. Não estão vivendo, também não estão mortos, não foram encaminhados para o céu ou para o inferno, para aquelas cuja religião assim define o pós- morte, mas na realidade, estão vivendo no inferno emocional, longe dos familiares, daqueles a quem se dedicaram ao logo da vida, privados do convívio que dá sensação de pertencimento e sabendo-se, de antemão mortos no coração daqueles a quem amaram a vida toda e apesar do abandono ainda amam.
               Aqueles que durante a vida adulta não tiveram bom relacionamento familiar, saíram de casa por drogas ou alcoolismo e tornaram-se à margem da sociedade constituem-se em outra situação mais difícil ao ingressar nesta faixa etária.  Já não se acostumam mais a manter vínculos preferindo viver sem regras e sem vínculos afetivos e emocionais. Não tem familiar ou se perderam dos mesmos anteriormente e não aceitam regras das poucas instituições como albergues públicos que os atendem ou poderiam atendê-los. Muitos já se tornaram casos de atendimento psiquiátrico por perda de referencial e de pertencimento a um grupo. Não é difícil encontrá-los vivendo em companhia dos cães, gatos nas ruas. Tornaram-se desconhecidos para os possíveis familiares e quiçá para si mesmo.
                  São casos que demandam atendimento específico e de políticas assistenciais próprias para reinserção na sociedade se ainda houver tempo possível.
                   A princípio a sociedade parece só condenar os familiares de quem foi abandonado, mas, infelizmente, sempre há o outro lado da moeda a ser investigado, pois pode ocorrer que aquele idoso que foi abandonada tenha sido um pai distante, que espancava filhos, mulher, que vivia desregradamente sem importar-se consigo mesmo e com a família.
                   O ideal é que toda a pessoa idosa viva no aconchego de um lar, junto aos familiares, desfrutando desta fase da vida com carinho e amor de modo a ocorrer uma gratificante troca de sentimentos e auxílio mútuo.
       
                      Isabel C S Vargas
                      Pelotas-RS-Brasil


DEPRESSÃO NA TERCEIRA IDADE


  A depressão é uma enfermidade que pode ocorrer em qualquer faixa etária. Geralmente, os familiares procuram ignorar ou mascarar a doença, por não saberem como tratar, visto que não é algo exposto, fácil de visualizar. Por ser entendida como um mal da alma, por falta de informação as pessoas tendem a esconder, pois existe preconceito, por parte destes familiares e da sociedade em geral, com este tipo de doença.
                      Nos idosos ela pode vir a se instalar por vários fatores, tanto de ordem
social como de ordem física.
                      O fator social pode ser desencadeado por aposentadoria, por perda do cônjuge, pela saída dos filhos de casa por terem atingido a tão almejada independência fazendo que a pessoa sinta-se como inútil, por não estar trabalhando ou vivendo em função de alguém. Fica a sensação de vazio, que não preenchida com outras atividades, como a participação em grupos, o desenvolvimento de novas habilidades e a prestação de trabalho voluntário, que favorece a instalação da depressão.
                       No que se refere aos fatores de ordem física, podemos citar a deficiência visual que é muito comum nos idosos, como no caso de catarata que faz com que a pessoa vá perdendo a visão. Também a diabetes pode causar este tipo de problema o que gera insegurança e até a impossibilidade de ter uma vida social normal, vindo a causar a depressão. O mesmo ocorre com problemas de ordem motora.
                     A situação financeira, ou seja, a falta de condições para arcar com as necessidades nesta fase da vida por si só já é motivo de ansiedade que pode se transformar, se não tratada, em depressão.
                    Outro fator capaz de gerar a depressão é a falta de afetividade, ou seja, falta de carinho de familiares o que produz bem estar, segurança, valorização, autoestíma e reforço dos vínculos, fazendo com que o idoso tenha reforçado o sentimento de pertencimento, ou seja, de estar inserido, aceito e amado dentro de um grupo familiar.
                  A depressão também pode ocorrer por questões genéticas, pela falta de alguma substância no cérebro.
                  É importante a busca do tratamento, tanto médico como psicológico, pois existe a necessidade de medicação, que é fundamental para a superação da enfermidade, mas também existe a necessidade de acompanhamento e apoio por parte de um psicólogo para que a pessoa tenha segurança para mudar o comportamento.

 Isabel C S Vargas






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