quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

ANTOLOGIA IMAGEM E LITERATURA 86/ ANTECIPAÇÃO/ARMADILHAS, UM ENSAIO SOBRE ANTECIPAÇÃO

                                                   
                                                                                       
      

                                              
             Antecipação, atropelo, precipitação são atitudes que podem gerar desconforto.
Antecipação em se tratando de responsabilidade e pontualidade para cumprir um compromisso denota responsabilidade, fora isso, com relação aos sentimentos próprios e de outrem pode gerar dissabores. Pode chegar até a ser um pré-julgamento e porque não, preconceito. Essas ocasiões, muitas vezes são originadas por insegurança, imaturidade, gerando atitudes precipitadas de parte de algumas pessoas.
           Antecipamos situações, sentimentos por parte de outras pessoas que em realidade, a outra nem imagina, não existem e passamos a agir com relação a ela como se isso fosse verdade.
            Às vezes nos descobrimos cheios de amargura, com mágoas de alguém pelo que julgamos que esta pessoa nos tenha feito. É um sentimento que ao se instalar faz mal a quem o sente e não àquele que é seu suposto causador.
            Julgamos que ao nos ressentirmos e demonstrar ao outro o quanto estamos desagradados, aborrecidos, ofendidos ou feridos o estaremos atingindo também, fazendo com que esta pessoa se sinta tão mal quanto estamos nos sentindo.
 Na realidade, estamos querendo fazer ao outro, o que julgamos que ele nos tenha feito.
            O que não percebemos é que muitas vezes nos ressentimos porque nutrimos expectativas com relação aos outros e esperamos que eles as satisfaçam. Então, isto não passa de um produto de nossa cabeça. Ocorrem duas situações importantes que devemos ter sensibilidade para perceber. A primeira, que o outro nem imagina tais expectativas, pois elas são fruto de nossos desejos íntimos, muitas vezes não verbalizados, e em segundo lugar, que o enfoque que o outro tem de determinada situação, pode ser totalmente diferente da nossa, levando-se em conta sua história de vida, sua bagagem emocional, seus próprios desejos e anseios.
            Uma maneira mais razoável de agir é tornar claras as expectativas, assim com esclarecer o que os outros esperam de nós, para que também não venhamos a frustrar as expectativas dos outros, pois vontades não expressas pode ser uma fonte de frustração e desenganos. É difícil alguém corresponder à uma expectativa que ele não imagina qual seja.
            Temos que levar em conta que os outros não têm responsabilidade pelo que nós esperamos dele, até, porque nem todas as nossas expectativas são razoáveis ou justas.
Muitas vezes nos aborrecemos porque não conseguimos ter nossos anseios satisfeitos e acabamos atingindo com as nossas frustrações, as pessoas que estão próximas. Ficamos estressados, vivemos crises, nos angustiamos e espalhamos sentimentos negativos ou afastamos as pessoas.
            É um círculo vicioso que se mantém, porque nós o alimentamos e podem afetar tanto no aspecto afetivo, familiar, como no âmbito profissional, pois não são compartimentos isolados em nosso interior. Somos todos estes aspectos entrelaçados e interagindo. Para nos libertarmos dessa cadeia de sentimentos negativos, que fazem com que vejamos só os problemas e não as soluções, devemos parar de adicionar este tipo de sentimento e de conduta. É necessária coerência, fazendo com que pensamento, desejos e conduta estejam em sintonia.
            O caminho é rever os próprios sentimentos, reavaliar condutas, perdoar erros, sem que tenhamos a pretensão de que eles nunca mais vão ocorrer, porque é próprio do ser humano errar, mas aproveitar cada circunstância para aprender, crescer, perdoar e recomeçar, confiante e sem mágoas, com o coração limpo, sabendo ver sentir e valorizar as coisas que realmente tem importância.
            É importante a consciência de que somos os responsáveis pelas coisas que sentimos, boas ou ruins. Temos que cultivar o que é bom e nos livrarmos de bagagens que só pesam, como sofrimentos e decepções. Temos que usar o tempo e os recursos emocionais, espirituais e afetivos para termos uma vida que nos faça feliz e proporcione boas interações com aqueles que nos cercam e são importantes para nós.


                                                                   Isabel C S Vargas
                                                                   Pelotas/RS/Brasil



                                                                  



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