SOBRE O AMOR
“Vivemos esperando o dia em que seremos melhores, melhores no amor, melhores na dor, melhores em tudo.” Jota Quest
Mesmo que estejamos vivendo no século XXI, que o avanço tecnológico seja uma marca da época, o ser humano continua com muitos anseios tal qual o homem de século passado.
As angústias, as dores, dúvidas sobre si mesmo, sobre os relacionamentos ainda passam por corações indecisos. Há uma busca por novos relacionamentos, numa tentativa de viver mais feliz.
Segundo o psicanalista Flávio Gikovate o que muitos buscam hoje é um relacionamento em moldes diferentes daqueles vividos no passado, no qual ocorria até um processo de despersonalização, geralmente da mulher, onde um ser sente-se incompleto e vai em busca da outra metade que o complete. Este ser não vive por si só. Precisa de outro que lhe dê sentido. Ocorre um processo de enquadramento no projeto masculino, no qual a mulher, muitas vezes perde sua identidade.
Segundo ele, o fundamental nas relações atuais é a parceria.
Não existe aquele desejo desenfreado de ter alguém para sentir-se alguém, pois as pessoas aprenderam a viver mais consigo mesma, respeitando-se mais, por isto pensam em dividir com o parceiro a sua vida.
O fundamento da relação é outro. Não é mais a dependência. Ambos são seres completos, mas que buscam junto um enriquecimento maior, na troca de vivências, de sentimentos. É uma troca prazerosa e geradora de crescimento e fortalecimento da cumplicidade.
São como companheiros de viagem, nesta trajetória imprevisível que é a vida.
Esta aproximação é possível entre duas pessoas inteiras, dois seres únicos, valorizados, pessoas que tem forte individualidade, o que não se confunde com egoísmo.
Neste tipo de relacionamento não existe dominação, nem concessões exageradas.
Cada um é ímpar, no seu modo de pensar, de agir, que serve para si mesmo e não para julgar, avaliar ou enquadrar ninguém. Nem existe a necessidade de “criar” alguém para se enquadrar num esquema que se ajuste ao do outro.
Neste tipo de amor que Gikovate chama de mais amor, coexistem duas pessoas inteiras, onde há prazer na companhia, aconchego, respeito.
O homem muda o mundo e depois sente necessidade de mudar a si mesmo, para se adaptar ao novo mundo, daí as mudanças nas relações.
Na medida em que a sociedade hoje não está formada dentro dos parâmetros de antigamente, que a mulher em grande percentual não depende mais do homem financeiramente, tem profissão, reconhecimento, desaparece aquela relação de necessidade e surge outra mais espontânea que se caracteriza pelo desejo de estar junto, desejo de companhia de partilha entre duas pessoas plenas, mais seguras, mais predispostas a dividir o que pode ser um fator importante para obtenção de sucesso na relação.
ISABEL C S VARGAS
PELOTAS/RS/BRASIL
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