SALVANDO AS BORBOLETAS/ CRÔNICA
Quando pequena, apesar de morar bem
no centro da cidade, minha casa ficava localizada em um terreno grande.
Havia um muro alto na frente, com um portão e
dentro, duas casas, uma na frente, separada da que ficava ao fundo, por uma
cerca de madeira pintada de branco. Grama, muita grama bem verdinha por tudo.
Havia árvores frutíferas junto às casas e flores.
Creio que tudo isso fazia com que
borboletas aparecessem e eu, por incrível que possa parecer, morria de medo
delas. Sim, medo, porque não eram borboletas pequenas eram umas borboletas
enormes, pretas com laranja, lilás, amarelas. Quando elas apareciam eu corria
de um lado para outro como se elas quisessem me pegar. Coisas de criança! Nem
sei se elas eram tão grandes assim, mas naquela idade, para mim eram. Como
ninguém me explicou em tempo hábil que borboletas são inofensivas e servem para
alegrar os olhos, ao invés de ficar feliz e encantada eu fugia.
Com o entendimento, passei a amar
borboletas. Suas cores me extasiavam e o medo ficou distante.
Morando na praia, com grama, árvores,
flores, frutas, pássaros soltos, cães e gatos visitantes também recebo muitas borboletas
visitando meu quintal. E eu amo. Aparecem muitas em dupla, desde as
branquinhas, amarelinhas que eu julgo serem borboletas adolescentes pelo
tamanho e fragilidade, até as maiores.
Certo dia, encontrei uma borboleta
machucada, com uma das asas meio torta.
Antes que os cachorros pudessem
apanhá-la coloquei minha mão junto dela e ela subiu.
Fiquei algum
tempo observando-a e vi que na realidade sua asa não estava partida. Creio que
uma batida a fizera cair ao chão. Soltei-a junto de uma planta no vaso, vim
dentro de casa, peguei uma máquina fotográfica e a fotografei várias vezes.
Assim provo que é verdade que a segurei.
Depois de acaricia-la soltei-a no
vaso, novamente e dali alguns instantes mais, ela voou livre.
Mais recentemente, creio que em
fevereiro, ao ir na edícula, onde tenho a máquina de lavar, vi uma borboleta
totalmente grudada no chão molhado. Pensei: Será que está morta?
Com a maior delicadeza que era capaz, desgrudei
suas asas do chão e coloquei-a em meu dedo indicador. Ela estava viva! Molhara
as asas e o peso não a deixava voar. Sentei-me ao sol e delicadamente comecei a
assoprar suas asas para que secassem.
Assim fiquei alguns instantes
até que ela começasse a bate-las levemente. Pronto,está em fase de recuperação
pensei.
Fiz o mesmo que fizera com a
oura. Coloquei-a à salvo em um vaso e vim dentro de casa pegar o celular para
fotografá-la.
Quando cheguei junto ao vaso
ela já não estava mais. Tinha alçado voo rumo ao céu. Não pude registrar essa
visitante, mas fiquei feliz por ter conseguido salvá-la. Era isso que
importava.
Isabel C S Vargas
Pelotas/RS/Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário