É muito difícil lidar com algumas
situações, a de doenças em família é uma delas. Há quem não saiba enfrentar
assim como há enfermidades difíceis de serem detectadas, ou difíceis de ser
obtido um diagnóstico preciso. Antigamente quando as pessoas idosas
apresentavam confusão mental era de imediato tida como esclerosada.
Aldrovando, ou Vandinho era separado e morava com a mãe. Não
dava muita importância para o que dizia ser caduquice dela. Era muito festeiro
e saía com frequência deixando a mãe sozinha em casa toda a noite. Não sabia o
quanto isso a perturbava.
Com o tempo os demais familiares que a cuidavam, levavam a
médico, começaram a observar que isso a deixava muito insegura e agitada.
Ele não se limitava a
deixá-la só como em ocasiões que ela repetia por demais as mesmas coisas ele
brigava com ela. Uma da filhas se dedicava a cuidar dela e o alertava sobre sua
conduta errada.
Uma noite, ela
vai ao apartamento da filha dizendo estar se sentindo muito mal. Elas moravam
no mesmo edifício, justamente para a filha ficar próxima e acompanhá-la em suas
necessidades. Contou que brigara com Vandinho algumas horas antes.
Levada ao hospital
pela filha, genro e neta os médicos constataram tratar-se de um infarto.
Ficou no hospital
durante três dias e faleceu.
Ninguém cobrou nada
dele. Nada foi dito sobre a briga e sobre o fato de ele não ter paciência para
lidar com a mãe que tinha Alzheimer.
Decorridos alguns
meses ele que tinha uma namorada foi morar com ela. Ela também tinha uma mãe
idosa que era aparentemente saudável, mas apesar disso a senhora sofreu um
derrame. Ela ficou inválida, necessitando de cuidados muito mais intensos, alimentação,
medicamentos e higiene, pois não falava nem se movimentava.
A senhora que o
conhecia desde muitos anos e que gostava dele como um filho exigia que todos os
cuidados fossem realizados por ele. Durante meses, ele se empenhou em cuidados
com a velha senhora, em uma atitude bem diferente da que tivera com a mãe.
Mais uma vez
ninguém falou nada, mas o sentimento de todos era que ele queria expiar a culpa
de não ter dado a devida atenção a ela. Isso só ele sabe e, quem sabe ela, onde
estiver, mas se meu palpite está certo, ela já o perdoou, afinal, coração de
mãe não é capaz de guardar rancor de um filho.
Isabel C
S Vargas
Pelotas/RS/Brasil
25.01.2016
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