MILHÕES DE CONTOS DE SOLIDÃO/ CONTO
Afora a segunda grande guerra, o mundo vive a maior crise de
intolerância jamais imaginada. Guerra civil, terrorismo, intolerância religiosa,
não aceitação da diferença.
Os detentores de armas matam indiscriminadamente. Destroem relíquias
que são a história da humanidade, aos olhos do mundo que estarrecido nada
consegue fazer, a não ser sentir-se cada vez mais impotente.
Isso é uma história real de milhões de pessoas que vivem
hoje na maior solidão. Sequer se imaginaria que milhões de destinos fossem
interrompidos ou sejam, ainda, incertos.
Há uma população dizimada que vive na Síria destroçada sem
as menores condições de sobrevivência. Gente que não conseguiu sair que já
perdeu parentes, casa, condições de vida humana.
Há famílias que saíram e cujas esperanças naufragaram em
botes entulhados de seres humanos.
Há outros que escaparam com vida, mas vivem em campos de refugiados
aos milhares à
espera de fraternidade, amor e vontade política dos
governantes de ofertar-lhes uma oportunidade de viver sua liberdade, de
trabalhar e reconstruir suas vidas tão destroçadas. Sem pátria, sem família,
sem esperança, sem um lar, vivem em barracas, sofrendo com a intempérie, a
incerteza do amanhã.
Não conto a estória de um ser, relato a realidade de milhões
que dariam inúmeros contos reais, verdadeiros e doloridos, como dolorida a história
que correu o mundo da criança de três anos encontrada morta na praia. Ele, o
irmão e a mãe não resistiram à ganância de quem coloca, por interesse
financeiro, pessoas em quantidade maior que a capacidade real de um bote. Transportavam
seres humanos e não animais, que também merecem consideração e respeito, além
de proteção.
Não
necessito inventar, criar um conto para mostrar a dor do pai que sobreviveu e
retornou à Síria para lá enterrar os três corpos de sua amada família. Sua
palavra? Eu tinha que tentar. Sua dor? Quem
de nós não imagina? Dá para sentir a sua dor e a de milhares de outros. Isso
porque somos humanos, só que impotentes.
Quem não
imagina a solidão destas criaturas nesta época do ano enfrentando a dor física
e emocional? Qual o destino de cada um? Quem de nós se atreveria a contar?
Precisaria
contar outras histórias? Não, creio que não.
Como
acabar com esta tristeza e solidão?
O amor é a
única salvação.
Isabel C S
Vargas
Pelotas/RS/Brasil
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