AURORA PARA UM NOVO TEMPO
Família com algumas terras, moradora da zona rural. Conheceram-se
nas festas da igreja da pequena comunidade religiosa que aos domingos após a
missa realiza almoço e, quermesse todos os meses.
Namoraram casaram e decidiram permanecer naquela região que
ainda é um local bom para criar os filhos, longe da violência e da insegurança.
Já estavam casados há dez anos, entretanto, o motivo que os
prendera ali, ou seja, criar filhos com qualidade de vida, paz, não se
concretizara. Não tinham filhos o que causava uma certa tristeza a Aurélia. Toda
manhã Fabrício saía para a rotina diária do campo que começava muito cedo, logo
ao amanhecer. Aurélia fazia companhia ao marido. Levantava cedo, via o dia
amanhecer, colorindo o céu nos tons da vida com muita intensidade. Sentia-se
feliz, mas faltava a continuidade, faltava um filho para a felicidade ser completa
e naquele momento de paz que ela vivenciava ao amanhecer, sozinha, vendo o sol nascer
e dourar os campos de onde eles e os animais tiravam sustento ela tinha
momentos únicos de diálogo interior, e interação com o universo. Certa vez fez uma
promessa que se tivesse uma filha colocaria o nome dela de Aurora, tal sua
sensação de paz e esperança que a aurora lhe fazia sentir. Mais uns dois anos
decorreram e ela até nem se lembrava da promessa quando se descobriu grávida. Foi
uma felicidade imensa compartilhada com o esposo e os demais familiares, pais,
sogros e amigos. O período de gravidez foi de alegria, de arrumação do enxoval
e de suspense. Seu marido desejava um menino para a continuidade de seu nome e herdeiro
nos negócios e ela queria uma menina para fazer companhia e cumprir sua promessa
que não lhe saía da cabeça, depois que a gravidez foi confirmada pelos exames.
Creditava-a a sua crença na energia do universo a contemplar as pessoas.
Finalmente, nasceu a menina em um amanhecer de primavera e desde aquele
primeiro choro que parecia música celestial aos seus ouvidos, Aurélia sabia que
sua vida mudaria para sempre depois daquele abençoado alvorecer.
Isabel C S Vargas
Pelotas/RS/Brasil
17.O5.2O15
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