quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

MEU CONTO PUBLICADO EM VOZES DA IMAGINAÇÃO/ EM BUSCA DO PERDÃO DA MÃE




Em Busca do Perdão da Mãe






(Pelotas – RS)
É muito difícil lidar com algumas situações, a de doenças em família é uma delas. Há quem não saiba enfrentar assim como há enfermidades difíceis de serem detectadas, ou difíceis de ser obtido um diagnóstico preciso. Antigamente quando as pessoas idosas apresentavam confusão mental era de imediato tida como esclerosada.
Aldrovando, ou Vandinho era separado e morava com a mãe. Não dava muita importância para o que dizia ser caduquice dela. Era muito festeiro e saía com frequência deixando a mãe sozinha em casa toda a noite. Não sabia o quanto isso a perturbava.
Com o tempo os demais familiares que a cuidavam, levavam a médico, começaram a observar que isso a deixava muito insegura e agitada.
Ele não se limitava a deixá-la só como em ocasiões que ela repetia por demais as mesmas coisas ele brigava com ela. Uma das filhas se dedicava a cuidar dela e o alertava sobre sua conduta errada.
Uma noite, ela vai ao apartamento da filha dizendo estar se sentindo muito mal. Elas moravam no mesmo edifício, justamente para a filha ficar próxima e acompanhá-la em suas necessidades. Contou que brigara com Vandinho algumas horas antes.
Levada ao hospital pela filha, genro e neta os médicos constataram tratar-se de um infarto.
Ficou no hospital durante três dias e faleceu.
Ninguém cobrou nada dele. Nada foi dito sobre a briga e sobre o fato de ele não ter paciência para lidar com a mãe que tinha Alzheimer.
Decorridos alguns meses ele que tinha uma namorada foi morar com ela. Ela também tinha uma mãe idosa que era aparentemente saudável, mas apesar disso a senhora sofreu um derrame. Ela ficou inválida, necessitando de cuidados muito mais intensos, alimentação, medicamentos e higiene, pois não falava nem se movimentava.
A senhora que o conhecia desde muitos anos e que gostava dele como um filho exigia que todos os cuidados fossem realizados por ele. Durante meses, ele se empenhou em cuidados com a velha senhora, em uma atitude bem diferente da que tivera com a mãe.
Mais uma vez ninguém falou nada, mas o sentimento de todos era que ele queria expiar a culpa de não ter dado a devida atenção a ela. Isso só ele sabe e, quem sabe ela, onde estiver, mas se meu palpite está certo, ela já o perdoou, afinal, coração de mãe não é capaz de guardar rancor de um filho.

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