TEXT0 18/2021
Não mais mulheres de Atenas...
Isabel Cristina Silva Vargas
As mulheres do início do século passado, ainda eram
mulheres tolhidas de exercerem sua cidadania.
Foram autorizadas à votarem em 1932, depois de 40
anos pleiteando tal direito.
Os trabalhos eram mais limitados, pois a
mentalidade à época não era favorável ao trabalho feminino. Faziam trabalhos
domésticos, artesanais, e as que podiam trabalhar tinham como profissão
tacitamente aceita, ser professora.
Aquelas sem melhor grau de instrução trabalhavam
como operárias de fábrica. O trabalho na área artística, musical e teatral era
discriminado e as mulheres obrigadas a terem carteira sanitária como as
prostitutas.
Naquela época as mulheres tinham mais filhos pois o
uso de anticoncepcional não era política pública, o que dificultava o trabalho
fora de casa. As famílias eram maiores, as mulheres ficavam com a responsabilidade
de procriar e educar a prole.
Hoje, outro século, as mulheres obtiveram grande
avanço pois existe, desde a segunda metade século passado a obrigatoriedade de
manutenção dos filhos na escola, tanto meninos como meninas, sob pena de
intervenção do conselho tutelar pelo abandono escolar.
Existe conscientização da necessidade de estudo
como condição primordial para galgar novos patamares na sociedade sendo o
estudo e o trabalho a condição mais legítima de ascensão social. Claro que isso
na sociedade ocidental, onde, felizmente a mulher pode optar pela profissão que
desejar.
Há uma infinita possibilidade das mulheres se
instruírem, quer na escola pública, quanto nas particulares.Quem não consegue
estudar em tempo regular o governo possibilita nas escolas públicas o EJA-
Ensino de jovens e adultos para os que estão fora da idade regulamentar para o
ensino Fundamental e o ENCCEJA que é um exame para certificação de
competências para o ensino de jovens e adultos que possibilita homens e
mulheres a obterem a certificação para entrarem em uma faculdade.
Podemos destacar os créditos e bolsas
disponibilizados para o ingresso nas faculdades privadas também para homens e
mulheres se capacitarem para o trabalho.
Podemos destacar o programa criado no Ministério do
Trabalho, hoje Ministério da Economia para o menor aprendiz se inserir no
mercado de trabalho com o incremento de jovens portadores de deficiência e cuja
idade foi ampliada para jovens não menores.
Podemos afirmar que embora existam famílias
carentes, desigualdades sociais, em decorrência de situação geográfica,
financeira, e as interferências de ocorrências imprevisíveis, como a pandemia,
os motivos que outrora existiam e impediam as mulheres de estudarem, de
crescerem como cidadãs livres e respeitadas, de ascenderem socialmente e
desempenharem com eficiência e respeito as mais altas posições na esfera econômica
social não têm mais a mesma relevância.
Às mulheres estão em todos os postos imagináveis no
mercado de trabalho, no magistério superior, nas reitorias, na política, na
magistratura, na advocacia e nas múltiplas profissões liberais existentes
como médicas, dentistas, engenheiras, arquitetas, biólogas, nas plataformas em
alto mar, e nas várias profissões técnicas de nível médio, de grande valia
e relevância social.
Lembremos, também, de outras tantas que são
empreendedoras e trabalham tanto quanto os homens como autônoma,
microempresárias para se sustentarem bem como à sua família.
Não podemos deixar de salientar que mesmo sendo
eficientes, nas empresas privadas, na mesma função ganham salários inferiores
aos dos homens.
No serviço público, cujos servidores ingressam por
meio de concurso público, não existe esta disparidade em decorrência de sexo
pois tal é proibido por lei.
Apesar de tudo isso, as mulheres ainda morrem
vítimas de feminicídio, porque muitos homens ainda as consideram como
objeto, como propriedade sua, embora tenha a Lei Maria da Penha para
protegê-las, mas este é outro assunto a ser tratado.
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