sexta-feira, 14 de maio de 2021

ENTREVISTA COM AUTORES PRAGMATHA

 



Na literatura, existem temas que devem ser evitados?


Há quem diga que na arte tudo se pode. Há, por outro lado, quem acredite que há limites. Quando se trata de literatura, qual sua opinião? Existe algum tema que você, como escritor, se nega a abordar? Fizemos esta pergunta aos poetas do Caderno Literário. Confira:

Leonardo Andrade – “Não consigo pensar em nenhum. O mundo é muito fluido e as questões são todas interligadas. Não dá para isolar um tema e fingir que ele não existe. Além disso, ‘jamais’ é muito tempo. Não podemos prever nem o minuto seguinte, quanto mais além dele. Todo escritor deve ter como meta ser plural, transitar em diversos assuntos e olhar por óticas distintas. O sim e o não são separados por um muro tênue. Cabe a nós, escritores, subirmos nele e aprendermos a olhar os dois lados, para diante de todas as informações possíveis elaborarmos nosso posicionamento, disseminarmos nossas ideias e espargirmos insights. Semear é nossa missão. Cabe aos leitores cuidar e colher a seu bel prazer”.

Giovana Schneider – “Um tema sobre o qual não me vejo escrevendo em alguma produção literária é o amor cor-de-rosa, que passa por várias situações, bem fantasiosas e, no final, foram felizes para sempre. Romance hot, também não é meu estilo. Sou mais ligada a temas que me chamam atenção, e que gosto de ler, pois assim a minha escrita flui melhor.”

Rosalva Rocha – “Suicídio, porque embora entenda que acontece por inúmeras razões, já amplamente divulgadas, considero a vida algo mágico, aberta para todo e qualquer desafio, exceto a sua extinção.”

Rosa Acássia Luizari – “O holocausto ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial. A literatura constitui-se em um espaço onde o belo deve ser admirado e acredito que este acontecimento sórdido não pode materializar-se em produções literárias que cultivem o belo, apesar de ser um fato. Deixo para a historiografia e os livros didáticos a análise do tema supracitado. Prefiro materializar ideias e conceitos a respeito de outros assuntos”.

Marilu Queiroz – “Não gosto de escrever nada que envolva energia negativa. Na minha opinião, o que precisamos é de muita alegria e positividade. Enfim, tudo o que nos alegra o coração.”

Isabel C S Vargas – “Comecei escrevendo orientações sobre Direito. Depois, crônicas sobre o cotidiano, contos esvaziando meu coração de coisas mal resolvidas. Com a morte de meu filho e a necessidade de expurgar a dor que dilacerava o meu coração, comecei a escrever poemas, para externar os sentimentos de inconformidade, mágoa, revolta e, por fim, aceitação do inevitável – e elaborar o luto. Hoje sigo escrevendo sobre as coisas que me alegram, as que me afligem, sobre a sociedade e as manifestações humanas, a natureza. Não sei escrever sobre temas eróticos ou sensuais. Tenho muita vontade de escrever sobre política na atualidade, mas por sensatez me calo.”

Rosana Batista Almeida – “Creio que um tema que jamais abordarei na minha produção seria o da violência. Há bastante veiculação na mídia de casos de violência, portanto é necessário lançar outros pontos de referência. Não há sentido em consolidar este tipo de matéria, na qual a maioria da população está envolvida. É preciso atuar em campos sutis, de forma a revolver e adubar a nossa sensibilidade”.

Jania Souza – “Jamais abordarei em meus textos pornografia e palavras chulas, nem mesmo para enfatizar as características de um mau caráter. Acredito que literatura serve para falar desses assuntos sem vulgarizar a palavra e a imagem.”

Marisa Burigo – “Para mim, como escritora, a expressão ‘jamais’ é muito forte. Prefiro dizer ‘no momento atual’, pois o ‘hoje’ é só o que temos, eu não escreveria sobre política nem sobre a epidemia. Estes temas, a meu ver, já se tornaram corriqueiros, tanto no mundo literário como nos demais meios de comunicação, e só aumentam a aflição do povo. Não desejo fazer parte disso e nem trazer esta energia para minha vida. Esta minha posição nada tem a ver com indiferença, pelo contrário. Rezo pela humanidade e que os políticos sejam iluminados para atitudes mais sensatas.

Antônio Marcos Bandeira – “Não há um tema que eu não venha a abordar, como escritor. Não devemos nos omitir de escrever sobre nenhum assunto ou temática, pois não escolhi escrever. Escrevo por ser minha razão de viver.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário