terça-feira, 19 de janeiro de 2021

TEXTO 71/2020 Saga Contemporânea

 

TEXTO 71/2020

 

 

Saga Contemporânea

 

O peso de uma pandemia

 

E suas consequências

 

Desestabiliza o meu ânimo

 

Embora estejamos todos bem.

 

Não dirijo, não uso aplicativo

 

Só me resta ficar em casa

 

Sair só com as filhas

 

Quando não estão ocupadas.

 

Ver os netos, eventualmente

 

Não ter com quem conversar

 

São situações que me entristecem

 

Deixam-me frustrada ,deprimida.

 

Já frequentei grupos

 

Fiz oficina literária

 

Entrei em aula de pintura

 

Porém tudo está suspenso.

 

Não vou na casa de ninguém

 

Nem mercado, farmácia, lojas

 

Não estou em terapia

 

Nem tricô rendeu no inverno.

 

A minha distração é escrever

 

Desabafar, esvaziar o coração

 

E tocar a vida

 

Vivendo cada dia que se arrasta.

 

Duas ligações telefônicas

 

Fizeram-me cair na realidade

 

E mudar por completo o ânimo

 

Deixando - me envergonhada.

 

 

Uma amiga que não enxerga

 

Ligou-me para avisar

 

Que outra amiga em comum

 

Estava a operar os seios.

 

No outro dia liga outra

 

Que também não enxerga.

 

Para que eu a ajudasse

 

Com questões burocráticas.

 

A notícia que ela me dá:

 

Que está com Parkinson

 

Mesma enfermidade de sua mãe

 

O que a deixou arrasada.

 

E eu que enxergo, escuto

 

Estou recolhida por precaução

 

E não por enfermidade

 

Senti-me grata pela condição.

 

 

 

Tive consciência de minha sorte.

 

Agradeci a Deus por enxergar

 

Por estar lúcida e com relativa autonomia.

 

 

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Antologia 193

 

 

SAGA CONTEMPORÂNEA

 

 

O peso de uma pandemia

E suas consequências

Desestabiliza o meu ânimo

Embora estejamos todos bem.

 

 

Não dirijo, não uso aplicativo

Só me resta ficar em casa

Sair só com as filhas

Quando não estão ocupadas.

 

 

Ver os netos, eventualmente

Não ter com quem conversar

São situações que me entristecem

Deixam-me frustrada, deprimida.

 

 

Já frequentei grupos

Fiz oficina literária

Entrei em aula de pintura

Porém tudo está suspenso.

 

 

Não vou na casa de ninguém

Nem mercado, farmácia, lojas

Nem o tricô rendeu no inverno.

A minha distração é escrever.

 

 

Desabafar, esvaziar o coração

E tocar a vida

Vivendo cada dia que se arrasta.

 

 

Isabel C S Vargas

 

 

 

 

 

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