Espiral
Tento entender meu destino. O
silêncio me perturba. Sou prisioneiro das minhas escolhas ou do que foi a mim
destinado? Sinto-me imóvel como uma árvore, sempre no mesmo lugar, sem
perspectiva de mudança. As árvores acolhem, dão proteção, mas eu me sinto
podado, sem conseguir proteger ninguém e também sem poder acolher. Podaram-me
os galhos, não consigo abraçar... Sinto-me
impotente, solitário, atingido, sem força, sem poder de recuperação. Será que
me autoflagelei? Serei vegetal em extinção? Suspiro. Levanto a cabeça, tento
ser forte, mas sinto-me um espantalho, caricatura de gente, arremedo de vida. Marco
território, espanto invasores, sem possibilidade de interação. Sem alma! Expulso,
assusto, simulo vida, mas não vivo. Cumpro uma função dada por quem? Quem impõe
clausura, dependência, flagelação? Que pecados quero expiar? Cada vez fecho
mais janelas para fugir da luz do dia. Porque aprofundo-me no labirinto? Porque
não disparo, arranco portas, arrebento fechaduras, desvendo mistérios, enfrento
medos e me dou a chance de descobrir quem sou, sem que para isso tenha que me
olhar no espelho buscando respostas cujas perguntas sequer sei formular?
Isabel C S Vargas
30.04.2018
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