terça-feira, 13 de março de 2018

TEXTO 22/2018 /INFIEL


                                                                 INFIEL


Marieta morava no interior de Minas Gerias. Filha mais velha, temperamento forte, mas amorosa com a família. O pai era muito severo, cobrava posturas que ela achava antiquada.
Não cobrava pensamentos porque ela os guardava bem escondidos.
O relacionamento entre ambos ficou mais distante após a morte da mão.
Poucos anos mais tarde ele casou, novamente.
Como Marieta terminava os estudos e desejava ser independente, logo foi para a capital trabalhar. Como era inteligente, com iniciativa própria, boa autoestima, interessada e com formação, logo arrumou ocupação. Teve sorte de ir trabalhar em uma grande empresa com várias filiais, o que possibilitou que fosse transferida para São Paulo alguns anos mais tarde.
Lá radicou-se em definitivo. Chegou a cargos mais elevados, pois era portadora da confiança de todos, por sua competência e determinação. A vida financeira progredia.
A família continuou no seu estado de origem. Sempre que podia os visitava. Os mais jovens vinham visita-la e hospedavam-se com ela.
Certa feita, já beirando a meia idade começou um relacionamento com um homem mais novo.
Parecia durar. Os anos passavam e eles permaneciam juntos, apesar do pensamento geral da família ser o de que ele se aproveitava dela por ter situação financeira estável e muito melhor que ele.
Em vez de viajar e gastar o que recebia ela aplicava. Comprava imóveis. Comprou casa na praia que todos desfrutavam, eles, os familiares dela em época de férias, algum parente dele.
Os anos passavam.  Apesar da convivência em todas as visitas familiares a desconfiança não desaparecia, por sua postura, por seu modo de pensar, pelas brincadeiras, pelo que dizia em tom de brincadeira, mas que pareciam verdades ditas com irreverência de modo a não parecer falta de respeito. Os outros percebiam, ela não.
Ela aposentou-se e com isso passava grandes temporadas na praia. Certo dia ao retornar para a residência de ambos na cidade, ele a esperava com ar solene.
Comunicou o fato! Suas malas estavam prontas, passagem de retorno comprada, ele a informou quais os bens que ficariam com ele e o que ficaria com ela.
Ela não conseguiu sequer contestar. Fez o que ele havia determinado.
Hoje vive em terrível solidão na praia.


                                                   Isabel C S Vargas
                                                       12.03.2018

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