sexta-feira, 9 de agosto de 2019

CRÔNICA/ A ARTE DE ENVELHECER

                                                   A arte de envelhecer


         Em função de avanços na medicina e de outros fatores como cuidados na
alimentação, vida social ativa, atividade física,  comprometimento com atividades de
voluntariado, a idade média de vida aumentou, estando a mesma em torno de 76 anos
para ambos os sexos.
             Tenho o exemplo disso na própria família. Meu pai viveu até os 57 anos. Eu já
vivo dez anos mais do que ele. Meus irmãos também viveram mais do que ele.
Creio que um fator importante que auxilia o indivíduo a  viver mais é preparar o
envelhecimento. É importante saber como se faz isto.
                Com a aposentadoria é preciso entender que  vida não acabou, mas que um
novo ciclo se inicia. Uma atividade se encerrou, o homem ou a mulher até podem
desfrutar de um período de descanso mais prolongado, mas se faz necessário ter novas
metas, novos interesses. É perigoso não estabelecer objetivos porque há quem passe a
julgar-se inútil, o que oportuniza que a depressão se instale.
          Na atualidade existem grupos que propiciam convívio social, aprendizado e
voluntariado, auxiliando muitas pessoas necessitadas.
         Quando me aposentei entrei para um grupo denominado Voltando à Sala de Aula
para pessoas com mais de cinquenta anos. As reuniões ocorriam uma vez por semana,
na qual eram proporcionadas palestras dos mais diversos temas. Deste grupo se
organizaram mais dois dedicados ao voluntariado. Todos existem até a presente data
.Em cada semestre as participantes fazem um dia de recreação em um local diferente ,
na praia, na região serrana, além de jantares, almoços e  festas temáticas, como festa
junina, festa da primavera e a famosa festa do crepom, ocasião
que as participantes vão trajadas com fantasias confeccionadas, inteiramente, de papel
crepom.
Outro grupo interessante que existe em minha cidade é no Centro de extensão em
atenção à terceira idade. Ambos são projetos vitoriosos da Universidade Católica de
Pelotas.
Neste segundo, existem inúmeras atividades nas quais os participantes se
inscrevem à cada início de semestre letivo. Cito aulas de pintura em tela, artesanato em
madeira, espiritualidade, tricô, crochê, tapeçaria, espanhol, cinema, fisioterapia
preventiva, dança do ventre, coral, estudo de temas sobre o envelhecimento humano
Como o grupo é destinado à todo tipo de pessoas ,independente de situação social, todas
as atividades estão disponíveis por uma pequena taxa semestral.
Participam homens e mulheres que exerceram as mais diversas atividades como donas
de casa, professores, bancários, contabilistas, agrônomos, comerciários e outros. Eu tive
a felicidade de pertencer por um tempo de ambos os grupos ,nos quais fiz amizades ,
aprendi , convivi, cresci e troquei aprendizados.
Houve período que ajudei com os primeiros cuidados de meus netos gêmeos, na
educação de minha neta mais velha, eventualmente fico algumas tardes com os outros
dois netos por questões de trabalho de minha filha mais velha.
Em outra época pertenci a coral, no inverno tricoto mantas e golas para minhas
filhas, para mim e para presentear.
Tenho um outro hobby que é pintura em madeira, e fiz por alguns anos pintura em

tela em outros dois locais. Se somar os trabalhos em tricô, madeira, telas, certamente,
são mais de trezentos trabalhos, colocados em blog para arquivo pessoal. Um detalhe
que julgo relevante é o fato de não vender tais trabalhos. Dou para familiares, amigos,
vizinhos próximos que estiveram presentes em horas difíceis.
Ofereço à cada um em datas especiais. Quando recebo uma visita, ofereço como um
carinho à mais.
Quando meu marido era vivo gostávamos de dançar nas festas. Hoje, não faço mais
isso. De todas essas atividades, selei um compromisso comigo mesmo. Não deixar de
escrever. Já declarei em algum texto que isto se constitui em um ato de sobrevivência. É
através do que escrevo que me sinto viva e comprometida. É um pacto para crescimento
pessoal, também.
Devido a este propósito, já participei de cerca de quinhentas antologias, coletâneas. De
cada uma, guardo um volume. Os demais, à exemplo dos outros objetos que faço, são
doados.
Tenho, ainda, planos de novos aprendizados, como trabalhar em mosaico, aprender
outro idioma além do inglês e italiano que concluí há anos e ter coragem de viajar
sozinha.
Poderia me estender em outros aspectos, mas como o espaço é pré-estabelecido não
poderia deixar de dizer que uma companhia excelente neste período de envelhecimento
são os animais de estimação. Acreditem, eles nos deixam ocupados, alegres e leves, pois
o amor que eles nos dão de forma gratuita e generosa é fator de envelhecimento
saudável. São grandes companheiros para quem vive só.

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