terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

VARAL DO BRASIL/OFICINA CRIATIVA/COMIDA/ORGANIZAÇÃO ISABEL VARGAS

Comida!

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OFICINA DO VARAL DO BRASIL SOBRE COMIDA

Organização de Isabel Vargas


Jacqueline Bulos Aisenman

Cachorro-quente
Quando estava grávida de minha filha tive alguns desejos.
Desejos sim! E daqueles que davam para evitar. Uma vez fiquei com uma enorme vontade de comer cachorro quente. Falei tanto e pra tanta gente que estava com este famigerado desejo! Daí que minha mãe, muito querida, preparou a receita deliciosa que ela só sabia fazer e eu me esbaldei! Foi demais! Só que teve um pequeno porém: minha sogra e minha tia também tinham ouvido sobre meu “desejo”
e as duas fizeram cachorros-quentes pra mim também. E no mesmo dia que minha mãe fez! Resultado: comi tanto cachorro-quente naquele dia que passei um bom tempo sem querer nem ouvir falar no tal!


Carmen Di Moraes

1. Doce de abóboras, não tão doce…

Não sou chegada muito a doces e o meu filho também não era… mas tem um que faço, com pouco açúcar que me enlambuzo toda nele. É doce de abóboras menina ou de pescoço. Faço assim, coloco um pouco de açúcar na panela e deixo encaramelar, quase bem escuro. Como não gosto de doce muito doce, tive que criar uma receita para mim.


  1. Bananas nanicas com leite…

Eu tive um desejo, quando grávida que considerei engraçado, porque sempre odiei leite, quando criança a minha mãe brigava comigo porque eu nunca queria bebê-lo. Mas tive desejo de tomar leite e comer bananas nanicas. Foi o que fiz, nunca tomei leite com tanta vontade. O meu pessoal ficava incrédulo, me olhando, pois não acreditavam que era eu estava fazendo aquilo, tomando leite. É… e aconteceu.


Juca Cavalcante

ANGÚ DO GOMES

Existia há alguns anos atrás um angu que ficou bastante famoso por aqui e depois virou uma famosa marca, o Angu do Gomes. Era um angu turbinado com molhos, carne e outros acepipes. Um paraíso na terra. Certa madrugada de sábado, em que eu e alguns amigos, depois de algumas cervejas, estávamos naquela fase da larica etílica, fomos procurar o que comer. Mas nossas reservas financeiras não eram grande coisa, não dava pra comer algo substancial em alguma lanchonete. Foi então que vimos, solitário numa calçada à nossa frente um homem com a carrocinha tradicional do angu do Gomes. Movidos pelo nosso atual estado etílico nos aproximamos da carrocinha para negociar. Depois de muito papo furado e de colocarmos toda nossa economia à disposição do dono da carrocinha, que, diga-se de passagem, não era suficiente prum prato de angu, ele, que era boa gente, resolveu quebrar nosso galho e preparou um prato coletivo. Todos nós comemos aquela maravilha. Foi o melhor angu da minha vida (depois do da minha mãe, é claro). Isso somado à nossa fome pré-histórica. Bem! Nem vou contar sobre o piriri. Deixa pra outra vez. rsrsrs.


Sandra Nascimento

Groselha com leite.

Coloque um copo de groselha em um litro de leite gelado. Em seguida, encha os copos e chame as crianças.
Eis a melhor das receitas para os fins de semana! Era assim lá em casa, nos dezembros dos anos de 1960. Verões rosa.


Rita Pea

As Couves do Gerês

Eu tinha 5 anos quando a minha família foi passar um fim-de-semana ao Gerês, (Norte de Portugal). Fomos jantar na casa de um amigo do meu avô, o Sr Manuel. Na hora do jantar, perguntei à esposa dele, (que não me lembro o nome) o que era o jantar. E a senhora respondeu: “Bacalhau com Couves, Ritinha! (Era assim que me chamavam) e retorqui: “Não gosto de couves. Tem batata?”e ela respondeu: “Tem. Mas essas couves são especiais. Nasceram por magia no meu quintal e todas as crianças adoram as minhas couves. Depois provas, Ritinha”. Durante o jantar, a minha avó serviu uma folha de couve para eu provar junto com o bacalhau. E provei. A couve era deliciosa. Depois me serviram o prato com couve e já nem liguei ao bacalhau. Todos riram de mim, deliciada a comer as couves. Oh criança inocente! Couve Mágica… rsrsrsrs


Norália Castro

HISTORINHAS ADORÁVEIS. 1

Vivenciei com minha filha, historinhas adoráveis. Duas delas conto agora.
Morávamos numa casa com quintal, jardim e horta, quando minha filha nasceu.
Aos seus 3 meses de idade, passeando com ela pela horta, percebi que ela ficou indócil, meio agitada, fechando e abrindo a mãozinha direita e levando-a em direção aos pés de couve. Achei hilária essa atitude. Afastei-me dos pés e couve. Quanto mais me afastava, mais movimentos com a mãozinha, minha filha fazia. Tive de voltar. Levei-a até os pés de couve, apanhei uma folhinha e dei para ela. Aí, vi um dos mais belos sorrisos de minha filha, até mesmo inesquecível.

 

HISTORINHAS ADORÁVEIS 2

Havia decidido criar minha filha, vegetariana. Eu mesma queria ser vegetariana, nessa época. Quando comecei a dar sopinhas, sob orientação de uma médica pediátrica, até… até uma ida histórica à casa da avó, quando suas priminhas que moravam no Rio de Janeiro, chegaram para uma visita. Uma alegria enorme entre 4 menininhas. A avó preparara um ensopado de frango, com quiabo e angu… As crianças adoraram… uma das priminhas ofereceu uma coxinha para minha filha… arre… e minha filha pediu mais cocó… co…có… e se lambuzou até não poder mais. A partir desse episódio, quando chegava à hora das sopinhas… minha filha abria e fechava a mãozinha direita de murmurava… co. có… co… co…
Fiz tanto cocó para ela que até hoje me recuso a fazer frango assado ou ensopado, qualquer tipo de frango. Deixo que ela mesma faça seus co  cós….
Bem, esses dois acontecimentos me levaram a refletir sobre a alimentação… como o nosso corpo se comunica conosco naquilo que precisamos realmente… Procurei informações sobre a nossa fala corporal e as plantas. Mas isto é outra história… para outro momento.
 
O MILHO

Esplendorosa sensação é estar diante de uma mesa natalina: enfeites, pratos variados e frutas… É sentir que está no Paraíso. Igualmente é a sensação de estar diante de uma mesa de aniversário infantil ou de um belo casamento. Ah! A comida: como é vital do bem viver!… Mas, dentre tantas coisas belas e gostosas, o que me dá um prazer quase inenarrável é estar diante de um angu ou de um angulise bem feito, bem temperado, amarelinho como a sua origem: o milho.
Minha ligação com o milho começou no berço: Mingau de milho me salvou na primeira infância, quando uma inapetência inexplicável tomou conta do meu corpo. Já maior, me lembro de minha mãe fazendo soldadinhos de angu para a filha não morrer de fome… Talvez daí a explicação pela minha adoração pelo milho… Ah! Que importância tem esta planta para mim, para você e para toda a humanidade. Comparável a ele, só o trigo… Penso que o maná que Deus deu para o seu povo, lá na história antiga, e que caia do céu, era grãos de trilho ou espigas de milho, só assim se explica as inúmeras transformações que ocorrem com esta planta milagrosa, desde sempre. A comida: o milho.


A COMIDA

Escrevi demais anteriormente, mas me esqueci de contar que a partir dos 12 anos de idade, continuei uma magrela saudável e comendo de tudo. Lá pelos sete anos de idade, me lembrei dos soldadinhos de angu, talvez por uma saudade das brincadeiras e carinho de Mamãe…

Pois bem, amiga, ou amigo, se algum dia nos visitarmos, saibam que sou uma comilona das mais gulosas. Entretanto, não se preocupem em me servir caviar, adoro um bolinho de fubá, o milho continua sendo preferencial.
Para beber, também não se preocupem, adoro um bom cafezinho.

Creio que com tais explicações, estamos entendidos e você está convidado a vir à minha tosca casa.

Puxa, que grupo do varal falante, pois puxa sempre a minha língua para falar, melhor, escrever, escrever. Nunca escrevi tais coisas nos meus textos.

Mas uma única comida eu faço questão: um sorriso aberto na chegada e um abraço fraterno bem apertado.

Só no Natal faço uma exceção: não pode faltar Bauduccos e um farto ballantime, não sei se está certo o nome daquele maravilhoso licor de uísque. Se eu for visitar você no Natal, esteja certo que levarei estas duas guloseimas.



Panacucas

Aprendi com minha cunhada Dalva, que aprendeu com a avó portuguesa, a fazer panacucas. Para o lanche da tarde, quando a meninada se esbaldava com tais delícias. Era uma felicidade geral, os adultos que lá estivessem entravam prazerosa mente na brincadeira.

Panacuca que aprendi é um tipo de biscoito feito com uma massa de panqueca, mais consistente, podendo ser enrolada em bolinhas, que devem ficar “descansando” por umas duas horas. Aí, então, uma a uma a bolinha vai sendo esticada em forma retangular, com as mãos. Importante: devem ser abertas com as mãos, carinhosamente, e levadas à fritura Para servir, polvilhar os biscoitos com açúcar e canela, e então observar a alegria da meninada… uauuuu… nada mais saboroso…nada mais gratificante…e a gente também entra nessa comilança… Cheguei a fazer centenas de panacucas, em casa, em casa de amigos, até em quermesses… filas e filas…
É uma verdadeira atração para a meninada…
Pena, sinto que fiz tanta panacuca como gostaria de ter feito: só em horários livres, que eram poucos…
PS. Rita Peã, nossa portuguesinha, pode falar alguma coisa sobre a panacuca… aí, amiguinha, espero sua resposta

Sonia Palma

NA COZINHA…

E de todos os cantos da casa ouço palavras que me envolvem com carinho. Entre elogios e impaciência causados pelo aroma que se espalha e atiça a fome, meu sorriso leve e satisfeito me faz sentir um amor profundo pelos que amo, pessoas para as quais faço meus mais sedutores pratos.
Sim, seduzo meus amores… meus filhos, principalmente. Mas seduzo também os amores de meus filhos e o amor da minha vida; seduzo meus amigos e amigas; e seduzo a mim mesma…
“Você tem que conquistar pelo estômago!”, diziam por aí no passado. Sábios, já sentiam que o amor construído e consolidado na cozinha é algo que deixa lembranças, mesmo nas mentes mais racionais.
E são por demais ternas essas lembranças…


Ana Rosa Santana

ROCAMBOLE DE FRAMBOESA

Sempre achei que desejo de gravidez fosse bobagem, coisa de novela; até o dia em que aconteceu comigo: passei os meses de gravidez sem desejar nada (nada mesmo, pois nada parava no meu estômago), mas no dia 23 de dezembro de 1995 eu acordei às 5 da manhã com desejo de comer rocambole de framboesa…
Nunca entendi o motivo desse desejo inusitado, eu nem gostava de rocambole (hoje eu gosto) quanto mais de framboesa, contei para o meu marido e a odisséia começou: desesperado como sempre o rapaz saiu de pijama, descabelado, pegou o carro e foi heroicamente atrás de meu objeto de desejo, pois não se sabe o que poderia acontecer com o bebê se eu não comece o famigerado rocambole… As horas passavam e nada do homem aparecer; pouco a pouco o desejo foi sumindo e sendo substituído pela preocupação: onde meu marido tinha se metido?Às 4 da tarde ele voltou: mais descabelado ainda, num desespero de alguém tentando evitar uma catástrofe, com o embrulho de rocambole na mão… Perguntei onde ele tinha encontrado e ele não quis dizer; comi o rocambole com o estômago embrulhado só para não
desapontá-lo… Meu único filho nasceu no dia seguinte, um pequeno e rosado presente de Natal…E não se parecia nem um pouco com um rocambole, ainda bem que eu comi, pois as consequências poderiam ser terríveis!!


Ly Sabas

Não tenho historinha bacana para contar, minha relação com a comida não vem de nenhuma lembrança agradável. Em minha infância mamãe coloca a comida e uma vara de amoreira bem no meio da mesa e dizia: “Se não comer a vara come.” Talvez por isso não tenha nenhum prato preferido e uma facilidade enorme de experimentar pratos exóticos. Comida de avó é gostosa? Nem pensar! Minha avó quando sabia que alguma iguaria era simplesmente suportada, apresentava a mesma todos os dias em que sentasse em sua mesa. E assim adquiri verdadeira ojeriza por ervilha torta. Não tive desejos de grávida e ensinei minhas filhas a comerem de tudo simplesmente seguindo as orientações do pediatra que era adepto do ditado “gato com fome come até sabão”.






Maria Nilza Campos Lepre

Cozinhando Saudades

Mamãe era uma excelente cozinheira, mas, quando nos reunimos, eram famosos seus bolinhos de chuva. E até hoje são lembrados com muita saudade.
Nunca consegui reproduzi-los. O mais interessante é que ela não tinha receita escrita.
Fiquei ao seu lado muitas vezes anotando cada passo.
Mas, nunca consegui obter o mesmo sucesso.
Acredito que sempre vai faltar o ingrediente principal: “A presença dela”, e o amor que colocava em sua receita.
SAUDADES.


Flavia Assaife

A vida ensina, a necessidade cria a experiência… Nunca fui muito de cozinhar, aliás, preferia fazer outras coisas a ir para a cozinha. A maior fase da vida que cozinhei foi quando meu filho era bebe. O tempo foi passando e novos hábitos surgindo. Hoje, passados mais de vinte anos, lá estou eu na cozinha… Fazendo quitutes e descobrindo sabores e temperos para mim, em função da severa restrição alimentar e para o filho e o marido que apóiam e incentivam… É muito bom receber o apoio e o carinho a cada nova descoberta! Ouvir: hummmm que delícia! E você dizia que não sabia cozinhar… Estes momentos não têm preço… Descobrir a vida e a comida saudável pode ser uma estrada colorida de sabores e alegrias.

Isabel Vargas

Minha relação com a comida não é nada boa, pois luto contra a obesidade desde a adolescência. Minha vida foi vivendo o efeito sanfona, entretanto tenho boas
recordações de infância, com relação às pessoas que amava. De minha avó materna
lembro das balas de guaco, da minha avó paterna a maravilhosa sopa que ela
mandava para nós.
Percebo que as coisas que mais gosto hoje é porque adorava na infância. Entre estes alimentos estão o purê de batatas, o peito de frango, a ervilha e o bife à
dore ou à milanesa. Quando meus filhos eram pequenos, embora trabalhasse fora, preferia que a ajudante tomasse conta da casa, pois gostava de fazer comidas que eles
gostassem e vê-los saborearem com gosto o que eu fazia e lhes apresentava à
mesa. Minha casa vivia sempre cheia.
Depois que perdi meu filho, perdi parte de mim e perdi o gosto pelos prazeres. E comer era um prazer, Passei mais de um ano sem cozinhar. Tudo me lembrava ele, pois tinha o hábito de chegar a casa e ver o que estava sendo feito e perguntar: quer ajuda? Ao que eu respondia não necessitar. Ele não se importava, e ficava à minha volta beliscando o que eu fazia. Simulava como se estivesse zangada e ele dava risadas, fazia um pratinho separado e ia comendo. Adorava o mesmo purê que eu, frango, bife à milanesa, bolinho de arroz, pastéis, canelone de presunto e queijo, massas, pizzas quer salgadas ou doces assim como os pastéis (doces ou salgados).  Sempre ficava ao redor.
Passado todo este tempo, quando voltei a cozinhar , posso garantir que o sal veio de minhas lágrimas, mas a alegria de minha neta ao exclamar feliz: -
Oba! Vamos ter a comida que eu gosto me fez lembrar que os demais precisavam de
meu amor traduzido em alimento.




VERSOS

Isabel Vargas

SABOROSA COMPANHIA
Para um despertar feliz,
Um cafezinho com muito aroma
É o pedido certo, acompanhado de um sorriso.
Em qualquer momento é a bebida
Que traz tranquilidade, aproxima os amigos
Aquece a alma, deixando, sempre,
Uma sensação de plenitude.

PÃO DE QUEIJO

Fofinho por dentro, tostado por fora
Sabor salgadinho, gostoso na boca
Delícia em qualquer hora
É suspiro na certa
Quando nele pensamos
Com um saboroso café
Nos dias de inverno no sul.
Ana Peres Batista


BRANQUEAR-SE
Cozinhar é a arte de intuir.
Deve-se aprender a cozinhar com atenção.
Sente-se melhor o cheiro, o tempero,
e principalmente, sabe-se da hora sem precisar dos ponteiros.
A hora certa de salgar,
de mexer e virar, de saltear pra se exibir.
Assim o preparo todo se acaba,
em barrigas salientes.
Deve-se aprender a cozinhar em dois.
Alimento e mão.
Dorme o pão,
cresce o fermento.
Com o mesmo carinho,
finaliza-se um cozimento,
com o mesmo sentimento,
que se encerra um amor.

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