terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

VARAL DO BRASIL/ OFICINA CRIATIVA/ SUGESTÕES DE LEITURA/ORGANIZAÇÃO ISABEL VARGAS

Sugestões de Leitura

Doação de Livros
Organização de Isabel Vargas
SUGESTOES DE BOA LEITURA

AGROVAL
(Manoel de Barros)
Por vezes, nas proximidades dos brejos ressecos, se encontram arraias enterradas. Quando as águas encurtam nos brejos, a arraia escolhe uma terra propícia, pousa sobre ela como um disco abre com as suas asas uma cama, faz chão úbere por baixo, – e se enterra. Ali vai passar o período da seca. Parece uma roda de carreta adernada.
Como pouco, por baixo de suas abas, lateja um agroval de vermes, cascudos, girinos e tantas espécies de insetos e parasitas, que procuram o sítio como um ventre.
Ali, por debaixo da arraia, se instaura uma química de brejo. Um útero vegetal, insetal, natural. A troca de linfas, de reima, de rumem que ali se instaura, é como um grande tumor que lateja.
Faz-se debaixo da arraia a miniatura de um brejo. A vida que germinava no brejo, transfere-se para o grande ventre preparado pela matrona arraia. É o próprio gromel dos cascudos!
Penso na troca de favores que se estabelece; no mutualismo; no amparo que as espécies se dão. Nas descargas de ajudas; no equilíbrio que ali se completa entre os rascunhos de vida dos seres minúsculos. Entre os corpos truncados. As teias ainda sem aranha. Os olhos ainda sem luz. As penas sem movimento. Os remendos de vermes. Os bulbos de cobras. Arquétipos de carunchos.
Penso nos embriões dos atos. Uma boa disforme de rapa- canoa que começa a querer se grudar nas coisas. Rudimentos rombudos de um olho de árvore. Os indícios de ínfimas sociedades. Os liames primordiais entre paredes e lesmas. Também os germes das primeiras idéias de uma convivência entre lagartos e pedras. O embrião de um mussum sem estames, que renega ter asas.
Antepassados de antúrios e borboletas que procuram uma nesga de sol.
Penso num comércio de frisos e de asas, de sucos de sêmem e de pólen, de mudas de escamas, de pus e de sementes. Um comércio de cios e cantos virtuais; de gosma e de lêndeas; de cheiro de íncolas e de rios cortados. Comércio de pequenas jias e suas conas redondas. Inacabados orifícios de tênias implumes. Um comércio corcunda de armaus e de traças; de folhas recolhidas por formigas; de orelhas-de-pau ainda em larva. Comércio de hermafroditas de instintos adesivos. As veias rasgadas de um escuro besouro. O sapo rejeitando sua infame cauda. Um comércio de anéis de escorpiões e sementes de peixe.
E ao cabo de três meses de trocas e infusões, – a chuva começa a descer. E a arraia vai levantar-se. Seu corpo deu sangue e bebeu. Na carne ainda está embutido o fedor de um carrapato. De novo ela caminha para os brejos refertos. Girinos pretos de rabinhos e olhos de feto fugiram do grande útero, e agora já fervem nas águas das chuvas.
É a pura inauguração de outro universo. Que vai corromper, irromper, irrigar e recompor a natureza.
Uma festa de insetos e aves no brejo!
Gramática Expositiva do Chão (Poesia quase toda) – Manoel de Barros.
Editora Civilização Brasileira – edição 1990.





“O que está faltando aos homens do nosso tempo, em última análise, é um pouco mais de Poesia que os reencaminhe pela estrada de Damasco dos sonhos que não morrem, já que a alma humana necessita urgentemente de novos horizontes”. Artur Eduardo Benevides – cearense






Ausência “Não é mais tempo de pinhas/Não é mais tempo do nosso amor/Faltou ternura em nosso último contato/Faltou sabor na última pinha que comi/O gosto bom, porém, ficou em minha memória/E eu anseio por ele/Assim, rego os pés de pinha todos os dias/E cultivo o amor em pensamentos/Escrevo-lhe estes versos e entôo mantras/Tentando confundir as estações”.
de Irma Galhardo- participação na Antologia TRIBUTO A PABLO NERUDA- LITERARTE 2014. Abração Irma Galhardo, sou fã de seu trabalho, o de Escritora e de guardiã Indígenista.








“Essa conversa de que a pessoa só da valor quando perde não é verdadeira. Cada um sabe exatamente o que tem ao seu lado. O problema é ninguém acredita que um dia vai perder.”
(Clarice Lispector)




Depois da Guerra “Depois da guerra vão nascer lírios nas pedras, grandes lírios cor de sangue, belas rosas desmaiadas. Depois da Guerra vai haver fertilidade, vai haver natalidade, vai haver felicidade. Depois da Guerra não haverá mais tristeza: todo o mundo se abraçando num geral desarmamento. No meio tempo, vamos dando tempo ao tempo, tomando nosso chopinho, trabalhando pra família. Se cada um ficar quieto no seu canto, fazendo as coisas certinho, sem aturar desaforo; se cada um tomar vergonha na cara, for pra guerra, for pra fila com vontade e paciência – não é possível! esse negócio melhora, porque ou eu muito me engano, ou tudo isso não passa de um grande, de um doloroso, de um atroz mal-entendido!” – Vinícius de Moraes – Para uma menina com uma flor – 1966




. A lenda pessoal é aquilo que você sempre desejou fazer. Todas as pessoas, no começo da juventude, sabem qual é sua lenda pessoal.
Nesta altura da vida, tudo é claro, tudo é possível, e não temos medo de sonhar e de desejar tudo aquilo que gostaríamos de fazer. Entretanto, à medida que o tempo vai passando, uma misteriosa força começa a tentar provar que é impossível realizar a Lenda Pessoal.
Esta força que parece ruim, na verdade está ensinando a você como realizar sua Lenda Pessoal.
Está preparando seu espírito e sua vontade, porque existe uma grande verdade neste planeta: seja você quem for, quando quer com vontade alguma coisa, é porque este desejo nasceu na alma do Universo.
É sua missão na Terra.
(O Alquimista)
Paulo Coelho



Do livro ONDE FOI QUE NÓS PARAMOS? De Rejane Machado, do conto Realidade e sonho, página lll:
··… Seu rosto expressava uma reação divertida. O sorriso era de mofa. Eu bem sabia a resposta. O homem jamais será completamente livre. Principalmente se é artista profissional que necessita lutar pela sobrevivência, esse mesmo é que não se pertence. Deve fazer concessões ao gosto do Diretor do jornal, ao Diretor da Escola ou Faculdade. Não pode se permitir independência. As leis do mercado sempre condicionaram o artista e decidiram a sua trajetória. E como ficar fora da corrente em voga?





LIVRO MESSE DE AMOR > > Divaldo Pereira Franco > pagina- 19 >>>> Estás convocado para construção de um mundo melhor, Desse modo, penetrarás no mundo a que realmente aspiras. Exulta, entusiasmo, e não te detenhas. Afasta o verbo da critica destruidora e defende a concha de teus ouvidos contra as acusações injustas. Não te deixes atingir pela perseguição gratuita. Só os fracos desocupados dispõem de tempo para a inutilidade das defesas inoperantes…




A alma é uma coleção de belos quadros adornecidos, os seus rostos envolvidos pela sombra. Sua beleza é triste e nostálgica porque, sendo moradores da alma, sonhos, eles não existem do lado de fora. Vez por outra, entretanto, defrontamo-nos com um rosto (ou será apenas uma voz, ou uma maneira de olhar, ou um jeito da mão…) que, sem razões, faz a bela cena acordar. E somos possuídos pela certeza de que este rosto que os olhos contemplam é o mesmo que, no quadro, está escondido pela sombra. O corpo estremece. Está apaixonado.
Acontece, entretanto, que não existe coisa alguma que seja do tamanho do nosso amor. A nossa fome de beleza é grande demais. (…)Cedo ou tarde descobrirá que o rosto não é aquele. E a bela cena retornará à sua condição de sonho impossível da alma. E só restará a ela alimentar-se da nostalgia que rosto algum poderá satisfazer…
Rubem Alves



Gosto e preciso de ti, Mas quero logo explicar, Não gosto porque preciso. Preciso sim, por gostar. (Mário Lago)




Amar: Fechei os olhos para não te ver e a minha boca para não dizer… E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei, e da minha boca fechada nasceram sussurros e palavras mudas que te dediquei… (Mário Quintana




“É que tem mais chão nos meus olhos do que cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça.”
(Cora Coralina)



“Poeta, não é somente o que escreve. É aquele que sente a poesia, se extasia sensível ao achado de uma rima à autenticidade de um verso.” (Cora Coralina)



Não riam alto, que a chuva está é dormindo.
Mia Couto



“Nada vem de graça se não for bom para o corpo, leve para o espírito e agradável para o coração. Para se manter motivado: sonhe”. De autor anônimo citado no livro Onde foi que nós paramos?


ANINHA E SUAS PEDRAS
Cora Coralina
Não te deixes destruir…
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.




[O Trágico Dilema]
Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.
Mario Quintana




TEM 1 LIVRO DE UMA COLEÇÃO QUE ESTOU FAZENDO AINDA, Autor: LOBSANG RAMPA – Título do Livro : CAPÍTULOS DA VIDA. Para descontrair hoje estou relendo encontrei esta oportunidade.
Então na pág. 77 encontramos Jorge casado com Esmeralda. Vai ao Parque de diversões e lá o balanço, a gangorra eram os brinquedos à mão, de graça. E sonhava o nosso herói Jorge, que um dia teria muito dinheiro e levaria a família em todos os brinquedos. Quando de volta para casa era hora de pensar. Olhava para o céu e se perguntava: “E se um pedaço de uma estrela caísse em cima da casa com todo mundo dormindo…” E por que é que não caía?… É. Não caiu. De modo que continua”.



“É uma Tolice Desculpar um Falhado
É uma tolice desculpar um falhado com argumentos de meio, época, saúde, idade, etc. O verdadeiro triunfador cria as condições da sua realização. Que se importa a gente com as doenças de Beethoven, e que pesam elas na sua obra? A natureza, quando dá génio, dá forças, tempo e coragem para vencer todos os obstáculos que o não deixem desabrochar. Não há malogrados. O único argumento a favor da sua existência é a idade. Ora na idade de malogrados morreram Keats, Cesário e Rafael…
Construir uma vida e uma obra parece ter sido sempre a façanha dos grandes. E se Goethe precisou de oitenta anos para se cumprir, Shelley pediu um prazo mais curto à natureza. O que tinha a dizer, dizia-se mais depressa… ”
Miguel Torga, in “Diário (1945)”
]



“Lute com determinação, abrace a vida com paixão, perca com classe e vença com ousadia… porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito bela para ser insignificante.”
―Charles Chaplin-





. Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança…
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…
* Mário Quintana In: Nova antologia poética *








Momento 5…Nao há mais nada…que eu queria dizer nao….en/cantada…com os cantos…..os sons…da percussao….a voz, a composicao…o contexto….do absoluto…numa bolha de sabao… (me faltan los tildes en portugués…disculpas)  Texto de nuestra muy querida Poeta Clevane Pessoa


Jania Souza Souza Gilberto Avelino – Diário Náutico (07) pág. 205: “Os moinhos levavam as águas/ à paciente fecundação do sal./Hoje, ante o teu adeus em setembro, /giram invisíveis moinhos, conduzindo/ aos teus olhos a seiva do pranto./E amadurecem girassóis nos teus dedos.” – poeta potiguar nascidos em Areia Branca/RN,

 Isabel Vargas
Gostaria de sugerir a leitura de três  livros:

As intermitências da morte de Saramago;
Vozes anoitecidas de Mia Couto e
O Código do Monte de Sérgio Lopes


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