terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

VARAL DO BRASIL/ Oficina criativa: CONTO EM GOTAS /Poetar é preciso!

Poetar é preciso!

Billets-vierge
VARAL DO BRASIL
Oficina criativa: CONTO EM GOTAS II

Oficina criativa “Poetar é Preciso” – Criação livre de poemas com tema livre
Organização de Marilu F. Queiróz

  • ANA ROSENROT

Vigília

Observo o movimento…
De sua lenta respiração,
Enquanto você dorme tranquilo,
Seu sono estou a velar

Será que você está sonhando?
Ou sua mente somente vaga na escuridão…
Queria estar dentro de você,
Me fazer visível, exigir atenção;
Com uma mensagem subliminar,
Em você me gravar

Para quando finalmente acordar,
Ficar feliz em me ver,
Por perto sempre me querer
E no adeus nunca mais pensar.



  • ANA ROSENROT

Noite Escura

Na noite escura busco a luz,
Cruzo com a multidão sem rumo…
Seus rostos lívidos, mascarados,
me assombram…

Aperto o passo,
fujo de mim mesmo…
Temo a noite, a escuridão,
os pensamentos em turbilhão…
Ideias a me apavorar…
Como faces do mal em uma parede…

Corro e não saio do lugar…
O mundo, prisão sem janelas,
me sufoca…

Quero sair da escuridão da noite…
Minha alma libertar…
Buscar a luz do sol ao amanhecer,
para do pesadelo fugir…
E você do meu lado encontrar.



  • ANTONIO SERGIO NÉSPOLI

O tato

O tato fere
ferve
fende
e pode
cura
mata
e ressuscita

se toca na ferida
entreaberta
o tato fere

fende a veste
e acha a pele
o suave tato

na turbação do dia
o tato tenta
a pele nega

na turvação da noite
o tato pode
a pele ferve






  • ALEXANDRA MAGALHÃES ZEINER


Mães, avós, filhas, irmãs, tias, primas, amigas, companheiras, amantes, deusas…
Uma só, muitas faces, universos, galáxias, planetas, estrelas, luas…
Lá no fundo Uma só, parte Dela, modelo de criação e inspiração…
Hoje, ontem, sempre, cada dia, cada semana, mês e ano, em processo de evolução…
Em constante metamorfose, criando, mudando, melhorando, mergulhando em universos paralelos…
Resposta da Criadora de todos os mundos para nosso planeta, filhas da Mãe Natureza.


  • EDUARDO BENETTI

Notas

Notas suaves a embriagar
Por entre brumas oníricas
Por dimensões a navegar
Distorcendo a realidade empírica

Então sinta a harmonia universal
Quando a pele começa arrepiar
Desprenda-se do corpo carnal
E sinta-se em espírito flutuar

Num toque, coloque-se a sonhar
Cores vívidas até então despercebidas
Mistérios universais a desvendar
Emoções únicas jamais sentidas

E assim, a harmonia divina convida a cantar
Sinfonia de sons, cores e percepções
O revoar de anjos, a brisa a refrescar
Reluzindo pureza de seus corações

Então desperte do sonho tão divino
Pois Morpheus o convida a viver
Tal como profundo corte ferino
Deverá morrer para renascer


  • EDUARDO BENETTI

Incessante Tempo

Corra…corra incessantemente
Desespere-se sem jamais pensar
Não há o que viver plenamente
Corra…corra sem onde se guiar

Tic Tac, Tic Tac, segundos passam
Passa a vida, passa despercebida
As batidas contundentes alucinam
Inquietante mover-se entorpecida

Momentos passam em alta velocidade
Atormentado, preso neste paradoxo
Não viva, não! Perca-se em futilidade
Quebra-cabeça incompleto, inortodoxo

Sinta seu cérebro desesperado
Incapaz de continuar nesta loucura
Seu corpo jaz sem forças, esgotado
Passa o tempo, aumenta a amargura

E no limite entre loucura e razão
Lágrimas copiosas banham seu rosto
Labirinto insano arrasta-se no chão
E se vê ruir fragmentado e decomposto



  • FLAVIA ASSAIFE

Retalhos

O ideal é sermos plenos, inteiros.
Mas na estrada da vida há devaneios
Há desvios, há desfiladeiros…

A marcha nem sempre é como gostaríamos
A travessia às vezes é fadigosa
Podendo ser custosa,
Mas, também muito prazerosa…

O ir e vir são o alimento do corpo
O ser ou ter são retalhos da alma
A serenidade para transpor dificuldades depende de calma
As conquistas materiais dependem de árdua batalha…

A cada etapa novo retalho
A cada pincelada novo cenário
A cada ponte ultrapassada
Nova linha de chegada…

A cada página histórias sendo contadas
A cada fragmento vidas sendo traçadas
A cada escolha decisões sendo tomadas
A cada passo retalhos ficando pelas estradas…

Retalhos de diversas vidas
Vidas compostas por múltiplos sonhos
Sonhos que orquestram todas as vidas
Vidas que costuram retalhos…


  • FLAVIA ASSAIFE

Voa Passarinho

Voa passarinho
Voa alto, sai do ninho.
Experimenta a liberdade
Escolhe o teu caminho

Voa passarinho
Sente a brisa que te abraça
Sente a leveza do bater de suas asas
Plaina entre as nuvens de algodão

Voa passarinho
Voa com alma e coração
Não tenha receio do silêncio ou da vastidão
Saboreie a imensidão

Voa passarinho
Vá à busca do teu destino
Ninguém nunca está sozinho
Há bons amigos ao longo do caminho

Voa passarinho
Vá ao encontro da felicidade
Não se entregue as garras da maldade
Supere a dor da saudade

Voa passarinho
Alegria não tem idade
Voa por toda a eternidade…


  • FLAVIA ASSAIFE

Eterno Peregrino

Nas vielas do meu coração
Ecoam sons perdidos
Misturados entre felicidade e ilusão

Entre as notas dos caminhos da vida
Passos são dados na mais justa medida
O tempo estabelece a melodia
As escolhas definem a harmonia

O som amargo da tristeza
É grave em sua rudeza
O som doce da alegria
Encoraja a ousadia

O som felino da frustração
Instiga o acorde da ilusão
O som inebriante da felicidade
É desejado por toda a eternidade

Sons se misturam, vêm e vão
Criam sensações além da imaginação
Liberto os medos e receios
Volito pela música sem anseios

Nas vielas do meu caminho
Há muitos destinos
Poucos em desalinho
Sou um eterno peregrino



  • FLAVIA ASSAIFE


Proteção

existe um elo
que me encaminha
a tudo aquilo
que não vejo
existem segredos
que só pressinto
existem mistérios
que desvendo
só com o desejo


  • ISABEL VARGAS


Rosa vermelha: a imagem do amor

As rosas são flores deslumbrantes.
Seu desabrochar é um primor natural
Admirado por seres delicados e sensíveis.

Rosas são especiais, finas, perfeitas
Seu perfume é inebriante e inesquecível
São presentes inolvidáveis para os enamorados.

A rosa vermelha é símbolo de amor profundo

Sua beleza e seu perfume atraem borboletas e beija-flores.
  • ISABEL VARGAS

Voz interior

Cenário encantado me envolve
Silêncio interior quebrado
Pelo suave murmúrio das ondas
Deixando meus sentidos em êxtase.

Entrego-me à suavidade do momento
Paz infinita toma conta de meu ser
Meus pensamentos voam leves
Recordando passado recente.

Momento propício para um diálogo interior…
Uma voz sussurra ao meu coração
O quanto é importante não esmorecer e,
Deixar o passado em seu lugar.

A voz sopra que é tempo de renovar
Plantar uma nova semente de esperança
Seguir em frente, sem temor e com confiança
Como as águas de um rio que jamais retornam.

Agradecida deixo a brisa beijar minha face
Acariciar meus cabelos que voam libertos
Inolvidável canção das águas me envolve
E purifica minha alma com seu som límpido.


  • ISABEL VARGAS

Férias de outrora

Quando trabalhava adorava minhas férias
Eram dias de muito mar, areia e queimaduras.
Folguedos das crianças,
Canseira sobrava aos adultos:
A nós, é claro, com quatro crianças.
Um, dois, três quatro…
Era minha contagem
De quinze em quinze minutos.
Mesmo com o receio delas no mar
Foi um momento desejado
Todos os anos, em onze meses.
Era momento de liberdade, alegria
Descontração, fuga da rotina.
Meus filhos liam muito nas férias,
Influencia materna, lógico.
Era comum levar livros
Atualizar minhas leituras
Debaixo do guarda sol
Ou nos momentos de descanso.
Hoje, com todos adultos
Férias é nostalgia,
Doces recordações de outrora.


  • ISABEL VARGAS

Olhar desbravador

Quando paro a fim de me descobrir,
Volto minha atenção para mim mesmo,
E faço uma reflexão sobre minha vida.
Busco o autoconhecimento.
Estou tendo um olhar diferenciado.
Busco descobrir meus desejos,
Minhas vontades mais profundas.
Realinho minha vida de acordo com este olhar
Faço planos, projeto objetivos,
E vou com afinco em busca de atingi-los.
Só através da busca interior
É possível ser pleno, feliz e mais leve.
Não é possível viver segundo desejos alheios.
Só buscando a satisfação interior
É possível ser feliz.


  • ISABEL VARGAS

O que dizer?

Deste mundo louco
Da violência diária,
Da expansão do terrorismo
Das mortes inúteis
Da desvalorização da vida humana?
Da falta de consciência frente
À vida
À natureza degradada,
A infância abandonada,
A educação deteriorada.
Eu digo: Basta!


  • ISABEL VARGAS

Flores de cerejeira

Flores de cerejeira são delicadezas da Natureza
Que aqui brotam trazidas por imigrantes
Em um momento sublime de doação
Do homem que a plantou para todos.
Suave e efêmera beleza em vários tipos e cores
Que a todos emociona e encanta
Pela expressão de suavidade e beleza
Que faz o homem elevar-se em admiração.

Quisera que os homens se sensibilizassem
E se espelhassem em tamanha candura
Para agir com seus semelhantes
E enobrecer as relações humanas,

Seu perfume a todos inebria
Ao ambiente produz frescor
À alma energiza e renova.

Breve, linda, suave, beldade entre as demais
Que doam visão de pureza singela
E de como a vida mesmo breve é bela.


  • JACQUELINE BULOS AISENMAN

Emoções cativas.
Cativantes ações.
Corações à deriva.
Sentimentos à flor da pele
Sentimentos soterrados na mente algoz…
Sentimentos escorrendo
correndo rápidos
formando lembranças hostis…
Salva-se um ou outro pensamento.

Emoções perdidas


  • JACQUELINE BULOS AISENMAN

A ausência
é um rio seco de lágrimas
choradas, engolidas,
jogadas do coração para fora
pela extrema dor…
E a saudade
são as águas do rio
que voltam a correr loucas
trazendo e levando
lembranças
para que a solidão
não permaneça
para que o coração
não esqueça
que um dia
não esteve vazio!

Ausência e saudade


  • LY SABAS

Foto de dois mil e seis

Não sei de onde vem tamanha ternura
Que me envolve ao observar as duas
Em foto de dois mil e seis

Talvez do verde que escorre do olhar
Ou do sorriso a se propagar
Em simetria lúdica entre covinhas de beleza

Pode ser que venha dos cachos avermelhados
Caindo belos e encorpados
Em perfeita sintonia

Quem sabe venha do formato de coração
Que as cabeças encostadas dão
Finalizando com os queixos delicados

Não sei, mas é um doce sentir
Que faz minha parte mãe referir
Para que o tempo não esmoreça


  • LY SABAS


Proteção

existe um elo
que me encaminha
a tudo aquilo
que não vejo
existem segredos
que só pressinto
existem mistérios
que desvendo
só com o desejo


  • LY SABAS


Tiziu

Era só um pássaro
pequenino e solitário
no alto do poste.
Penas pretas
reluzindo ao sol pálido
da manhã invernal.
Vieram ou outros,
em bando pardo,
sem brilho algum.
E a inveja barulhenta,
expulsou o pequeno pássaro
de meu jardim…


  • LY SABAS


Entrega

Não são tuas mãos
nem tua boca,
ou tua língua em minha pele.
São teus olhos,
vidrados,
à espreita do gozo,
que me enlouquecem…

São teus olhos,
que me arrebatam
e provocam a entrega,
o prazer sinuoso
que desliza quente
e todos os medos
desvanecem…


  • MARILU R F QUEIROZ


Poema com E

E, quer dizer
Essência, existência,
tempêro celeste.
Excêntrico verso…

E, quer dizer
Veia poética,
eclética certeza,
efêmero eco…

E, quer dizer
Elemento estético,
insensatez benéfica,
exagero ético.
E, é
Etéreo, fonético, completo…
Espelho dele mesmo!


  • MARILU R F QUEIROZ

Vento

Sussurra vento…
assopra, cicia,
bisbilha, balbucia,
suspira, chia,
soa, esfuzia,
silva, sibila…
Assobia vento!


  • MARILU R F QUEIROZ


A cor

A cor mancha
a cor se mancha
mancha cor…
mancha,
a mancha
cor!


  • NORÁLIA CASTRO

Manhã de Natal
Com a face translúcida
Ele aí está
A sorrir para a imensidão
Da obra do Criador, o Pai.
Sendo filho obediente
Acomoda-se ao ensinamento
E lhe diz:
Ame a Terra como eu amo,
Meu lar de mil lições.
Meu aconchego com pares
A ditar bons dias.
Que a luz se faça nos corações
E o amor exploda em dimensões.
Sou Eu, sou Ele, somos Nós.
A trilhar para a evolução.
Perfeição sempre terá
Na imperfeição a encontrar
Para sempre dizermos
Bom dia,
Que se cumpra o trabalho
No aconchego do amor.


  • NORÁLIA CASTRO

Ambição

Quero mais.
Quero cantos de sabiás.
Quero ternura na paixão.
Quero asas de pavão.
Quero ais de gritos soltos.
Quero mais.
Quero a força da integração
Quero a paixão dos apaixonados
Quero a loucura das descobertas
Quero o estalo da liberdade.
Quero mais.
Quero que o socar de bifes
Me diga que é hora do almoço
E que a mesa está posta.


  • NORÁLIA CASTRO

Alinhavos do Tempo r 31

O sonho
Inveja, sensação mesquinha
De aconchego impúbere.
Só consigo poetar
Solidão, tristezas.
Procuro alcançar
O outro lado
Desafiante crítica
Correntezas sem fim.
Não desisto.
Mesmo que o desejo
Esteja nascido da inveja,
Sonho com o verso
E o reverso.
Não mais.



  • NORÁLIA CASTRO

Aprendizagem

Tricotei. Pintei. Bordei.
Muitas vezes repeti. De novo.
Repeti. De novo.
Acabrunhada no primeiro passo,
Aprendi:
Laçadas a serem lançadas.
Tricotei mais. Repeti.
Pintei mais. De novo.
Bordei mais. Repeti.
E não mais parei de aprender
Até firmar-me com meus passos.



  • NORÁLIA CASTRO

A procura

Empírico ou lírico.
Sonho ou utopia.
Cidade floral
Com cheiros suaves,
Às vezes marota
com gosto de garota.
Aí está Castália,
fonte de inspiração e sabedoria.
Não parece ou parece,
hoje ser lírico é ser empírico.
A pequena fonte ficou
a jorrar água em fluxos
e refluxos — o lirismo onde está?



  • PAULO PAZZ

Avante,
Avance
À frente.
Em frente
Enfrente

Cuide!
Seus fantasminhas
São mais letais
Que os monstros,
Porque agem
Na surdina.



  • PAULO PAZZ

Eu recebo teu ventre em meu chão,
Fazendo cicatrizes, rastros indeléveis.
Teu arrastar é cicio de silêncios,
São tatuagens marcando
Minhas paisagens virgens de apreço.

Enches meus abismos
Com tua seda, com tua sede,
Com a cepa de teus tamancos
Ecoando em minhas paredes.

Meus vazios são poucos
Para o teu transbordar,
Mas sigo, vaso faminto sob o céu.

Sigo, severo, sorvendo a languidez
De teu roçar-me as escarpas.
Sigo, sendo eu para ti e tu em mim.

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