Anita nasceu no início dos anos
trinta do século passado. Uma menina de porte pequeno, miúda, feições
delicadas, muito graciosa e educada. Era a menor de três irmãos. Residiam em
uma cidade do interior, na fronteira com o Uruguai. Frequentava o colégio de
freiras na parte da manhã e à tarde, após o almoço e a sesta, ficava meio ociosa,
com exceção dos temas, quando tinha e que fazia tão logo acordava.
Sua vida era tranqüila,
Quando tinha uns nove anos , uma das primas de sua mãe engravidou do primeiro
filho. Sua mãe passou a mandá-la ficar com a prima durante as tardes para acompanhá-la.
Ela residia à meia quadra, dobrando a esquina.
Nitinha, então começou a
observar o que a prima fazia durante as tardes. Ela era muito prendada, isto é
muito habilidosa e com vários saberes. Fazia tricô, crochê, bordado, costura.
Era óbvio que se dedicava a fazer o enxoval de seu bebê.
Como era curiosa e inteligente pediu à
prima agulhas e linhas e começou a observar o que ela fazia. Aprendeu a
tricotar, a costurar e, sobretudo, a fazer crochê. O bordado ela também
aprendeu e com isso ela bordou todas as golinhas, sapatinhos, barra dos lençóis,
babeiros do nenê. Aprendeu trabalhos difíceis, como frivolité que são rendas
feitas com nós.
Os anos passaram , Anita casou,
mudou-se para Pelotas, teve duas filhas, dois netos e não é difícil imaginar
que seu enxoval, o de suas filhas e netos foram feitos, em grande parte, por
ela, com o maior carinho e perfeição.
Hoje, quem passa por sua casa
observa aquela senhorinha idosa, com 85 anos, simpática, afável, sempre com um
sorriso no rosto, sentada no alpendre de sua casa, fazendo algum trabalho de crochê,
sua especialidade, ou lendo, hábito que jamais abandonou mesmo após a
aposentadoria como professora e diretora de escola.
Isabel C S Vargas
Pelotas/RS/Brasil
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