quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

TEXTO 332/2O15/ MILHÕES DE CONTOS DE SOLIDÃO/ CONTO



                                                                     


                                       MILHÕES DE CONTOS DE SOLIDÃO/ CONTO

Afora a segunda grande guerra, o mundo vive a maior crise de intolerância jamais imaginada. Guerra civil, terrorismo, intolerância religiosa, não aceitação da diferença.
Os detentores de armas matam indiscriminadamente. Destroem relíquias que são a história da humanidade, aos olhos do mundo que estarrecido nada consegue fazer, a não ser sentir-se cada vez mais impotente.
Isso é uma história real de milhões de pessoas que vivem hoje na maior solidão. Sequer se imaginaria que milhões de destinos fossem interrompidos ou sejam, ainda, incertos.
Há uma população dizimada que vive na Síria destroçada sem as menores condições de sobrevivência. Gente que não conseguiu sair que já perdeu parentes, casa, condições de vida humana.
Há famílias que saíram e cujas esperanças naufragaram em botes entulhados de seres humanos.
Há outros que escaparam com vida, mas vivem em campos de refugiados aos milhares à
espera de fraternidade, amor e vontade política dos governantes de ofertar-lhes uma oportunidade de viver sua liberdade, de trabalhar e reconstruir suas vidas tão destroçadas. Sem pátria, sem família, sem esperança, sem um lar, vivem em barracas, sofrendo com a intempérie, a incerteza do amanhã.
Não conto a estória de um ser, relato a realidade de milhões que dariam inúmeros contos reais, verdadeiros e doloridos, como dolorida a história que correu o mundo da criança de três anos encontrada morta na praia. Ele, o irmão e a mãe não resistiram à ganância de quem coloca, por interesse financeiro, pessoas em quantidade maior que a capacidade real de um bote. Transportavam seres humanos e não animais, que também merecem consideração e respeito, além de proteção.
            Não necessito inventar, criar um conto para mostrar a dor do pai que sobreviveu e retornou à Síria para lá enterrar os três corpos de sua amada família. Sua palavra?  Eu tinha que tentar. Sua dor? Quem de nós não imagina? Dá para sentir a sua dor e a de milhares de outros. Isso porque somos humanos, só que impotentes.
            Quem não imagina a solidão destas criaturas nesta época do ano enfrentando a dor física e emocional? Qual o destino de cada um? Quem de nós se atreveria a contar?
            Precisaria contar outras histórias? Não, creio que não.
            Como acabar com esta tristeza e solidão?
            O amor é a única salvação.

            Isabel C S Vargas
            Pelotas/RS/Brasil






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