domingo, 13 de dezembro de 2015

PUBLICAÇÃO PREMIADA/ CRÔNICA / PRIMEIRO LUGAR/ANTOLOGIA 7O/ VOLTA À TERRA NATAL

                                                   
              Poderia começar este texto agradecendo aos céus por nunca ter vivenciado uma guerra. Recordo os relatos de minha mãe, na época que o Brasil entrou na segunda guerra mundial. Não sofremos o que os demais países em relação à destruição e bombardeios, mas a pressão e instabilidade emocional ocorreram em função da adesão do Brasil e do envio de forças brasileiras. A insegurança e o medo de ataques eram reais.
              Nascida após o final da guerra ,em 1951, cresci ouvindo falar na Guerra do Vietnã que começou em 1959. E acreditem, apesar de ser em território asiático ela tocou profundamente o mundo inteiro.
                 A Guerra do Vietnã começou em 1959 em decorrência dos desentendimentos entre o norte e o sul em função das divergências políticas e ideológicas. Ela desenrolou-se no período da Guerra fria.
               Em 1959, vietcongues (guerrilheiros comunistas), com apoio de Ho Chi Minh e dos soviéticos, atacaram uma base norte-americana no Vietnã do Sul. Este fato deu início à guerra.  Entre 1959 e 1964, o conflito restringiu-se apenas ao Vietnã do Norte e do Sul, embora Estados Unidos e também a União Soviética prestassem apoio indireto.
                Em 1964 foi que os Estados Unidos efetivamente entraram na guerra que se estendeu até 1975 quando ocorreu a retirada total das tropas americanas. O Tratado foi assinado em 1973 em Paris.
                Quando a guerra iniciou em tinha oito anos, quando ela terminou, eu tinha 23 e já tinha terminado a universidade. Os horrores desta guerra foram divulgados ao mundo inteiro e permearam os anos de minha juventude.
                O resultado foi desastroso para os Estados Unidos em todos os sentidos. A Guerra terminou em decorrência de pressão interna da população americana e por pressão internacional.
                O conflito deixou mais de um milhão de mortos (civis e militares) e o dobro de mutilados e feridos. A guerra arrasou campos agrícolas, destruiu casas e provocou prejuízos econômicos gravíssimos no Vietnã que foi reunificado em dois de julho de 1976 sob o regime comunista, aliado da União Soviética.
               . Como não havia apoio interno  de muitos da população, os soldados ao retornarem à pátria não viveram em um mar de rosas. Muito triste. Retornar à terra Natal se configura em retornar ao melhor lugar do mundo, onde se encontram familiares, amigos, recordações da vivência anterior aos horrores da guerra.
               Além do número de mortes que causava intensa comoção na família e na sociedade, o número de mutilados era grande e mais que os mutilados físicos os atingidos psicologicamente era significativo. Não esqueçamos que as técnicas de guerrilha e tortura aplicadas pelos vietcongues (os do norte aliados à Rússia) eram brutais, assim como brutais os efeitos de uma guerra sobre jovens.
               Quando os soldados retornaram cheios de esperança de um retorno saudável e até de serem aclamados como heróis, e muitos até  foram, eles foram, também, esquecidos pelo governo não recebendo a atenção que julgavam merecer.
                Sobre esse dramático episódio é interessante assistir o filme “Nascido em O4 de julho” estrelado por Tom Cruise que relata os dramas de um soldado de volta à terra Natal. Ferido na guerra volta paraplégico e tem seus direitos negados pelo próprio país que o enviou para a guerra. Une-se a outros em igual situação a fim de lutar por seus direitos.
           A guerra é sempre trágica e seus efeitos dramáticos. Dependendo da força e equilíbrio emocional de cada um, aliados a uma série de fatores externos,  eles poderão estruturar  suas emoções mais rapidamente ou não. Apagar , jamais. É necessário elaborar como se elabora o luto. E é um luto, na medida que na guerra morre a inocência de cada jovem que para lá é enviado.


                                     Isabel C S Vargas
                                     Pelotas/RS/Brasil
          
               


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