sexta-feira, 27 de novembro de 2015

PUBLICAÇÃO PREMIADA/ANTOLOGIA 69/CRÔNICA/PRIMEIRO LUGAR/ MINHA CADEIRA DE BALANÇO

          A cadeira de balanço era um móvel indispensável nas moradias do século passado. Em geral era a cadeira do vovô ou da vovó. Era a cadeira da leitura do jornal matinal, da sesta depois do almoço, da leitura de um livro, de assistir televisão, após a década de cinquenta.
          Nas residências em estilo colonial, geralmente havia uma no alpendre que circundava a casa, por ser um local arejado, agradável de ficar jogando conversa fora como costumamos dizer em nossa região.
             Em minha casa não havia cadeira de balanço, mas na casa de minha sogra havia uma que tinha sido da mãe dela. Era muito antiga. Seu estilo era diferente das cadeiras de balanço mais comuns. Era estofada no encosto e no assento e era uma cadeira baixa, assentada em cima da parte torneada que era o balanço. Quando a conheci ela já não tinha mais a parte inferior, tendo se transformado em uma cadeira normal, porém mais baixa que as cadeiras normais. Ela ficava na sala de jantar, próxima a janela que dava para o jardim de inverno. Virou peça de decoração, apenas, no canto daquela sala.
Sobre o encosto uma manta de tricô colorida, toda em quadros feita por minha sogra.
            Além da sala principal da casa havia uma saleta, bem em frente à porta do jardim de inverno onde logo na entrada, ficava a nova cadeira de balanço de minha sogra e era ali que ela ficava, conversando com as visitas, tricotando, ouvindo rádio, assistindo televisão.
           Em fotos antigas é possível vê - la na cadeira de balanço, a antiga, na fazenda, em outro município, em baixo de uma frondosa árvore, uma figueira, acredito, onde desfrutava de bela sombra nos quentes verões da campanha.
           Quando meus sogros faleceram os filhos se reuniram com a finalidade de escolherem os móveis e/ ou utensílios que iriam ficar. Fui à primeira reunião e achei por bem não ir mais. Não escolhi nada, porém em minha casa aqui na praia, onde resido há quase seis anos está a cadeira de balanço antiga. A manta eu usei como cobre leito no berço de meus filhos menores, Mudei o tecido da parte estofada creio que umas três vezes e ela é muito aproveitada por ser muito gostoso sentar nela. É acolhedora. A última lembrança de meu filho, em sua última noite entre nós foi sentado nesta cadeira com o notebook no colo e perguntando o que havia de bom para comer, quando chegamos a casa, uma vez que ele havia chegado antes de meu marido e eu.
            Os objetos tornam-se de valor, exatamente por isso, pelo valor sentimental que eles adquirem, e pelas lembranças que nos remetem ao longo de nossa vida.
            

                                      Isabel C S Vargas
                                      Pelotas/RS/Brasil
                                       11.11.2O15


Nenhum comentário:

Postar um comentário