sexta-feira, 21 de agosto de 2015

TEXTO 219/2O15/ COM A PRIMAVERA NO CORAÇÃO( CRÔNICA)


                 Sempre procurei ser uma pessoa alegre e otimista, cultivando meus sonhos e fazendo planos.  Em uma infância com dificuldades, via na adolescência uma transposição da fase difícil. Assim foi. As amigas foram uma benção e coloriram minha etapa de vida escolar no ensino hoje denominado de fundamental. Não via dificuldades e empecilho para cultivar meus sonhos juvenis como quem cultiva flores. Colocava a semente em meu coração e ia em busca de cada um deles.

              Passando ao ensino médio fui fazer o vestibular para a escola normal, magistério, para ser professora. Nem uma hepatite que me deixou trinta dias acamada me impediu de fazer a prova e passar. Uma semente começava a brotar e se transformaria em um buquê lindo e colorido, pois entrei na escola normal e antes de me formar já dava aula em uma escola vinculada a Universidade. Lá permaneci alguns anos até concluir a universidade. Achava graça quando as pessoas diziam que tudo corria fácil e eu conseguia o que almejava. Não viam que cada conquista fora batalhada e que era fruto de sementes plantadas, regada com suor e cuidadas com muito carinho, principalmente por minha mãe que cuidava de meus sonhos como se fossem dela e, na realidade, eram porque ela se projetava em mim.

             Fui vivendo com alegria e recebendo as flores que a vida me proporcionava: realização, profissional, maternidade, crescimento de meus filhos, a realização dos sonhos de cada um deles.

                        Por volta dos cinquenta e cinco anos comecei a ter perdas significativas. Minha tia que me ajudara a cuidar dos filhos, minha mãe , evento que me            

 abalou as estruturas tanto física como emocional e minha madrinha. Fui resistindo uma a uma e ainda tinha ânimo para ver a beleza da vida e das estações. Continuava observando as belezas da natureza e da criação divina até que a vida me testou da forma pior que poderia acontecer. Perdi meu menino de vinte e três anos, no auge da carreira profissional, aprovado em concurso público e professor de uma conceituada instituição federal. Neste momento pior de minha vida fui escolher flores para ele. Achei que minha vida tinha acabado, mas continuei a me dedicar as minhas filhas, minha neta que junto com meu marido estavam à deriva. Agarramos-nos à vida e a esperança de que um dia entenderíamos o que se passava. A sabedoria advinda da dor me ensinou que mesmo que não entendamos temos que aceitar o que não pode ser mudado. Antes de perder meu marido, recebi da vida não cravos de espinho, mas o mais belo fruto de uma semente de amor.  A vida se renovava em meu neto Otávio, mostrando a beleza da vida e dos seus ciclos que não tem fim. A alegria encheu nosso coração e, novamente a primavera passou a residir em nossos corações esperançosos. E, para mostrar como devemos acreditar na luz, nasceram os gêmeos Francisco e Augusto, a princesinha Amanda que enchem nossa vida de cor, de sentido, de amor.

Seu quarto tem como motivo de decoração um jardim coberto de flores.  Idéia acertada de minha filha.

                       E a vida segue nos dando flores que são lindas alegorias externas em nossa vida, assim como nos dá flores em forma de realizações conquistadas com denodo e com fé. Às vinte horas tenho a missa de formatura de minha filha mais nova que está a se formar de novo, agora em Letras. 

                      As estações se alternam e mesmo que seja outono, é primavera em meu coração.

                                      Isabel C S Vargas

                                      Pelotas/RS/Brasil

                                           21.8.2015

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