sexta-feira, 24 de julho de 2015

TEXTO 198/2015/ EU RESPEITO CHUVA E VENTO

              Sei o quanto a chuva é necessária para todos e até aprecio um barulho suave de chuva. Sem exageros. Já falei inúmeras vezes que detesto os exageros em tudo, por isso digo que meu sentimento maior em relação à chuva é de temor. Creio que são resquícios de trauma de infância.  Sempre morei em casa, até depois de casada comprar um apartamento no qual morei sem qualquer interrupção durante trinta anos. Dos anos que morei em casa com meus pais e irmãos tenho recordações de inúmeras goteiras que nos incomodavam sobremaneira, fazendo-nos trocar móveis de lugar para fugir da água que escorria dos tetos, quando a chuva era intensa ou quando havia ventos fortes ou chuva de granizo que causavam danos nas telhas. Lembro de enchentes que me pareciam imensas causando flagelo às famílias. Hoje, isso se tornou corriqueiro, senão aqui no sul, em qualquer outra região do Brasil e também mundo afora, pois tudo é instantaneamente visto na televisão e nas redes sociais.
Certa ocasião. Meu pai que trabalhou décadas no escritório de uma serralheria culminando como gerente, antes da aposentadoria, certa vez levou para nossa casa um funcionário que tinha três filhos e cuja casa havia sido invadida pela água. Aquela atitude de meu pai me fez admirá-lo, pois eu o achava uma pessoa muito severa e sem demonstrações efusivas de afeto.
          Ao longo dos anos temos vivenciado momentos de apreensão em ocasiões de  chuvarada sempre pensando naqueles que residem em zonas mais vulneráveis e que
necessitam de mais ajuda, entretanto, o que se vê em minha cidade, por falta de serviços urbanos mais eficientes ou descaso dos governos e, ainda materiais de reparos sucateados é enchente em plena zona central da cidade. Uma calamidade.
        Confesso que os trinta anos que permaneci no apartamento foram os mais tranqüilos de minha vida. Residindo bem acima do chão, sem medo de invasão das águas, sem goteiras, umidade, pois até subir todos os degraus, os pés já deixaram o restante da umidade e sujeira fora da porta do apartamento.
         Vivenciei temporais em zonas de insegurança e senti muito medo. Passávamos nossas férias em Santa Catarina, em Balneário Comburiu, algumas poucas vezes em Florianópolis, mas sempre íamos a outras cidades turísticas passear. Nestas regiões citadas as chuvas são comuns. Vem com intensidade, parece que vai desabar toda a água do mundo e em seguida passa, porém vivemos vários destes momentos na estrada, com árvores caindo e até morros desabando. Uma temeridade que me fazia chorar em virtude de viajarmos com os quatro filhos. Meu marido que tinha um espírito aventureiro dizia que eu era muito medrosa, mais precisamente, que eu fazia fiasco chorando o que só servia para assustar as crianças. O fato é que sobre estes fenômenos não temos controle.
Aprendi a ter muito respeito por tais fenômenos. Certa vez, em local seguro, em andar alto de um edifício fiquei a observar o que chamei de um belo espetáculo da natureza, um temporal carregado de raios e trovões. Foi neste momento, por estar em local seguro, e por poder apreciar de perto algo tão intenso que aprendi a ter este sentimento de respeito. Não podemos desafiar tais fenômenos. É necessário resguardo, não tomar banho de praia como muitos o fazem, não ficar em piscina, não ficar próximo a corrente de energia, abrigar-se, não ficar embaixo de árvores.
Estes fenômenos são de grande magnitude, avassaladores e atinge a qualquer pessoa, independente de classe social, etnia, religião, grau de instrução. Eles nos ensinam que somos pequenos diante da natureza. É bom salientar que a natureza sempre ensina basta
Estar atento e querer aprender.
                   Há criaturas que são arrogantes, de uma soberba imensurável, desprezam os que estão abaixo de si na esfera social o que é muita ignorância é só relembrarmos de fenômenos como tsunamis que atingiram inúmeros países ao mesmo tempo sem qualquer controle e furacões como o Catrina nos Estados Unidos. Em nosso país também tivemos tornados que em minutos devastaram furiosamente algumas regiões. Pessoas que tinham carros os perderam, mostrando que bens materiais se vão e que o mais importante são as pessoas, os afetos e os sentimentos que nutrimos e passamos aos que nos são caros  e que nos cercam.

                                Isabel C S Vargas
                                Pelotas/RS/Brasil
                                 24.07.2015


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