quinta-feira, 16 de julho de 2015

PUBLICAÇÃO PREMIADA/TERCEIRO LUGAR/CRÔNICA/DEUSAS NA TERRA

                    Nos tempos que os deuses habitavam a terra segundo o entendimento dos povos primitivos tudo obedecia a rituais sagrados, pois o temor de não obedecer e ser castigado era grande.
                        O tempo segue seu curso que não volta jamais ao momento inicial de partida e pensamos que tudo ficou esquecido na bruma que encobre o passado. Entretanto apesar da modernidade, da era tecnológica ainda encontramos em alguns lugares resquícios desta época de adoração e no qual as moças desejavam servir às deusas e buscavam a ela se assemelhar.
                        Vou buscar em uma experiência pessoal a fundamentação destes meus argumentos. Tive quatro filhos, sendo três meninas. O que fiz, como toda mãe que deseja que seus filhos sejam príncipes, princesas?
                        Pois bem fiz a festa de quinze anos das duas primeiras em um clube social da cidade. Ali naquele evento além de se comemorar os quinze anos, a época da puberdade, como se comemorava na antiguidade a fertilidade, apresentei minhas filhas à sociedade, deusa da vida social, da aceitação da aprovação.
                       Além disso, ambas debutaram coisa que ainda existe em cidades do interior, porem não com a intensidade dos anos noventa.
Neste acontecimento há danças em conjunto, todas ricamente vestidas e iluminadas por uma aura de felicidade. É a deusa do amor e da vaidade despontando em seus jovens corações. O rei da família, o pai, orgulhoso, apresenta sua cria aos olhos da comunidade para que elas sejam aceitas e dignificadas.
                        Como se isto não bastasse, elas recebem títulos mostrando uma diferenciação entre elas, sendo elevadas a uma condição de deusa durante aquele período de elevação e endeusamento que durará até o próximo baile da primavera do ano seguinte. Uma, apenas, será a rainha, mas haverá um séquito de outras jovens endeusadas que vão reverenciar a ternura, a tradição, a simpatia, o encanto, as estações como Madrinha da Primavera, Princesa da Primavera, Debutante Encanto, Ternura e outros títulos que a imaginação, a vaidade ou a conveniência criar.
                     Isto tudo pode parecer bobagem para quem não viveu neste universo, mas aqueles que viveram guardam em seus corações momentos de grande beleza e encantamento junto de suas famílias e que ainda hoje despertam grande nostalgia ao rever os álbuns de fotografias, alguns, umas preciosidades com capa de Madri-pérola, e abrindo o mesmo, foto das jovens deusas sorridentes e felizes com mantos, outras de coroas, faixas, rosetas, símbolos de seu endeusamento temporário embora para suas famílias, por amor, sejam eternas deusas, independente da idade que tenham.
São momentos leves e que trazem um sorriso quando deles nos lembramos, atenuando as lembranças dos momentos tristes, inevitáveis da vida.

                                                 Isabel C S Vargas
                                                 Pelotas/RS
                         


Exibiç

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