sexta-feira, 3 de abril de 2015

TEXTO 2O15/113 /MAR, ESPETÁCULO IMPREVISÍVEL DA NATUREZA

                                        

                O mar é maravilhoso, apaixonante e ao mesmo tempo assustador porque assim como ele tem sua faceta de calmaria, de ondas mansas e suaves, de tonalidades ora verdejantes ora mais escuras, depois de virações ou tempestades, ele apresenta facetas avassaladoras nas tempestades, capaz de ceifar vidas de forma cruel.
           Lembro de duas ocasiões especiais de minha vida que o mar me causou muita inquietação e que a imagem logo me reportou a esses temores.
            Adoro o mar e ele sempre me instigou a questionar o que levou os grandes navegadores a singrar esses oceanos misteriosos.
             Hoje ele desafia desportistas a enfrentá-lo e nele obter performances espetaculares sagrando-se renomados atletas.
             Na atualidade os turistas descobriram o turismo náutico que é outra forma de gozar férias muito utilizada por famílias de classe média e não só de classe alta como outrora.
               Voltando aos meus temores recordo da ocasião de meu casamento. Nossa lua de mel foi na praia, em Torres, uma das mais belas praias do sul, no litoral norte, e quem sabe do Brasil. Subir nos morros e fazer os caminhos lá em cima, com vistas privilegiadas e paisagem deslumbrante, são momentos inesquecíveis. Ficamos hospedados em hotel, mas depois de alguns dias fomos visitar parentes que tem casa em uma das praias.
                Ficaram felizes com nossa visita e apesar de estarmos em lua de mel e desejarmos ficar onde estávamos não conseguimos nos esquivar de mudar para a casa deles. A casa era grande e havia em separado, ao fundo, um apartamento recém construído, novinho, pronto para ser ocupado. Mudamos.
                 A casa era na quadra que dava para o mar. À noite, o silêncio da rua só era quebrado pelo murmúrio das ondas. A sensação era que estávamos dormindo na água.
                 O sentimento de insegurança era tal que minha imaginação fazia ver a água avançando, inundando as casas e fazendo a nós, os objetos e móveis da casa e nossos pertences pessoais boiarem e perderem-se no turbilhão das águas que nos desestabilizava.
                   Decidi não mais ficar tão pertinho do mar e isso que naquela época nem se falava em tsunami. O máximo que me lembrava era do mar ter invadido o calçadão de Copacabana e ter entrado nos hotéis e edifícios sendo tal fato divulgado nos noticiários.
                  Anos mais tarde quando já tínhamos duas filhas resolvemos viajar com as pequenas e acampar para elas e nós termos um sabor de aventura. E, lá fomos nós de carro com reboque, barraca, todos acessórios de camping a fim de desfrutar de certo “conforto” e tranquilidade.
                  Escolhemos ficar em um Camping que tinha obtido o selo de melhor camping do Brasil no ano anterior. Não nos apercebemos que em plena temporada. outras tantas famílias tinham tido a mesma idéia que nós. Assim sendo, não havia lugar naquele camping e nem em muitos outros. O único que tinha espaço era um na ponta norte da ilha de Santa Catarina. Se anos antes, em casa, abrigada em um apartamento eu tinha temor, imagine-se em uma ilha, em um camping à beira mar e com crianças.
                  Foram muitas noites de agonia até me convencer que devia dormir tranquila.
Sentia ou imaginava, nem sei definir o sentimento, a água subindo e invadindo a ilha e nós todos ali deitados na água e sem ter para onde ir.
                  Na realidade foi um convencimento sem opção para que não estragasse a diversão de meu marido e minhas filhas.
                   Essa imagem me remete a todas essas situações de descontrole do mar, na qual a sua beleza natural e seus benefícios ficam em segundo plano quando as situações fortuitas ocorrem sem que possamos controlá-las.
                   Tudo aquilo que tange à natureza deve ser respeitado, pela sua força viva, pela imprevisibilidade dos acontecimentos, em se tratando de algo tão extraordinário cujos efeitos podem atingir grandes extensões e os efeitos de difícil reparo.
                   O mar é fantástico, mas por sua natureza requer cuidados e respeito. Assim como as quedas d’água, as cachoeiras, os cânions, os vales, os rios, tudo aquilo que repentinamente podem nos surpreender ou causar estranheza por ser impossível desvendar todas as suas facetas. Queiramos ou não, a natureza é indomável.
                                                      Isabel C S Vargas
                                                             O2.O4.2015

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