sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

TEXTO 2O15/24 MEMÓRIAS PROSAICAS 2 DOCES RECORDAÇÕES

                                       Memórias Prosaicas Nº 2
                                         Doces Recordações

               A casa que morávamos, meu pai, minha mãe e eu era na calçada defronte, mas quase na outra esquina, da casa de minha avó materna. Ao lado desta casa que morávamos era a casa de meus padrinhos, aqueles que comentei no outro texto, que ficaram muito felizes com meu nascimento, pois só tinham filhos homens.
               Não sei de quando remontam minhas recordações, qual a idade precisa, mas posso garantir que fui muito feliz naquela época. Meu dindo era de uma paciência inigualável. Mais que meu pai. Tudo para ele era festa comigo. Para falar a verdade, as recordações desta época envolvem meus dindos e primos. Acredito que eu era a princesinha da família. Até hoje tenho fotos de pequena, próximo aos dois anos com meus primos mais velhos, filhos de meus padrinhos e de outros irmãos de minha mãe.
              Meu padrinho era de origem polonesa, muito rígido com os filhos, comigo era um doce. Ele montou na casa dele um trem que andava por dois andares. Era um quarto que ele fez o que hoje chamamos de mezanino. Com escada de madeira e junto à parede no andar de cima fez uma mesa em toda a extensão do quarto que depois descia para o andar de baixo, por um vão. Aquela mesa parecia uma estrada por onde o trem passava. Ele dispôs vegetação, rios, florestas, casas tudo com páginas de revistas. O trem tinha vagões de carga que ele enchia de pequenos objetos.
                 Outra coisa que ele fez foi abrir a parede que dividia nossos quintais e ali ele armava balanço, e uma ocasião ele fixou junto à parede, umas tábuas bem estreitinhas, com lateral e da parte mais alta fazíamos escorregar bolinhas de gude.
                 Ele me levava na praça, para passear de carro, e me dava muitos presentes.
                 Foi ele que me ensinou a contar dinheiro e me dava mesada desde que eu era pequena. Deu-me um cofre para eu aprender a guardar dinheiro.
                 Não sei que idade eu tinha, mas morava nesta casa ainda, pois só trocamos de casa em 1958 quando nasceu minha irmã menor, quando aconteceu de eu adoecer.  Lembro que chorava muito com dor na barriga. Chamaram o pediatra cujo nome era Samuel que diagnosticou uma cólica de fígado. Foi receitada uma injeção que recordo do fiasco que fiz para não tomar. Só aceitei depois de ele me convencer que ele mesmo me daria tal medicação. Em troca ganhei uns trocados para meu cofre. Confiava muito nele. Teria muito a contar de meu dindo amado que me acompanhou e que me deu muito amor.
           No meu primeiro e segundo ano foram realizadas festas que eu acredito que teve grande presença de amigos da família, pois anos mais tarde via as fotos com minha mãe.
            Conto ainda uma coisa que eu adorava. Meu padrinho pegava os rolos dos filmes que passavam nos cinemas da cidade e passava na casa dele para eu ver.
            Outra recordação era a cachorrinha que eles tinham e se chamava Negrinha e que eu gostava de brincar. Também tinham galo, galinha e gato.
            Uma coisa curiosa era que em minha cama tinha pendurada com uma fita uma placa de prata com anjinhos da guarda e meu nome gravado. Hoje, ainda tenho esta placa que me foi dada pelo nascimento por uma amiga de minha mãe, que vive até hoje e comemorou a poucos dias mais de 8O anos. Esta senhora, muitos anos mais tarde quando me reencontrou em um estabelecimento comercial comentou comigo o quanto eu fui amada por todos quando eu nasci e na minha infância, o que, certamente, é uma benção. 


                                                       ISABEL C S VARGAS

                                                                17O12O15

Nenhum comentário:

Postar um comentário