domingo, 11 de janeiro de 2015

ÁGUA DE BEBER ANTOLOGIA IMAGEM E LITERATURA 29 CRÔNICA SEGUNDO LUGAR EM CRÔNICA

               “Tenho sede”. Podemos considerar que esta assertiva foi muito usada em determinada região do Brasil em décadas passadas. Incrivelmente, apesar de todo avanço tecnológico, ainda corresponde à necessidade básica, premente, na mesma região, ou seja, o nordeste brasileiro.  O nordeste é rico em belezas naturais, seu litoral é deslumbrante, mas o sertão, a caatinga foi cenário de muita seca, muita fome, miséria, no decorrer de anos, sendo a prometida água mote de campanhas eleitorais e eleitoreira
que manteve políticos no poder durante várias legislaturas, devido à esperança cultivada pelo povo sofrido de melhores dias para aquela região.
     Os antigos costumavam dizer que quem tem água tem ouro e não só na região citada. A água é fundamental para alimentação do ser humano, para irrigação e manutenção dos animais nos campos. Na realidade é um recurso natural indispensável à vida no planeta Terra. Possui um enorme valor econômico, ambiental e social, fundamental à sobrevivência dos ecossistemas no nosso planeta.
          Voltando ao caso específico de nosso Brasil, a falta de água foi uma calamidade para a população do interior nordestino, do que adveio a fome, a miséria, a mortandade de animais e o fenômeno sociológico da migração para outras regiões, especialmente, o Sudeste, com milhares de retirantes fugindo da seca por décadas, carregando os filhos, seus próprios corpos magros e definhantes, sua tristeza infinita, e a miséria estampada nos rostos.
          A seca foi fértil na literatura. Guimarães Rosa foi mestre em contar essa saga em
Vidas Secas, Raquel de Queiroz descreveu em o Quinze este drama humano e social.
          Na arte popular, melhor citando, na música Luiz Gonzaga imortalizou em Asa Branca tão crucial drama assim como Patativa de Assaré.   Mestre Vitalino em Caruaru em Pernambuco também utilizou muito a temática da seca em sua tão difundida arte popular, Não esqueçamos o folclore em geral, o canto e a literatura de cordel que primaram por incluir a temática da seca que é sua realidade mais forte e cruel.
            A população que mais sofre com a seca e a retirada de seus habitats
é a de menor poder econômico, geralmente, analfabetos, muito apegados a religiosidade como meio de sobreviver, de encontrar apoio, explicação e esperança, crentes na bondade humana e na providência divina, aliadas às crendices internalizadas pelo costume em razão da baixa escolaridade e do saber empírico. Parcela considerável da população brasileira encontra no saber popular apoio para a sua sabedoria, refletindo-se no pensar, sentir e agir coletivo.
            Zezito Guedes registrou alguns ditos populares ressaltando a relação entre seca e religiosidade popular. Eis alguns:

A seca é um castigo para o povo que não tem mais fé.
A seca só aparece quando o povo está pecando demais.
A falta de merecimento traz a seca para o sertão.
A seca acontece de vez em quando para desconto dos pecados.
A seca vem para que o povo se lembre de Deus.
Pela desobediência do povo é que vem a seca para a terra.
O povo profana a Deus e a seca vem com castigo.
            A todo sofrimento físico e material somava-se o sofrimento moral. Pelo fato da água ser tão importante e indispensável e de valor econômico tão expressivo a falta dela é capaz de causar todos esses resultados de ordem pessoal, afetiva, familiar, social, econômica e cultural.
           Ainda na atualidade a seca continua a eleger políticos que tentam implantar políticas de convivência com a seca. O problema pode ter sido minimizado, em alguns locais, mas não resolvido e a população em geral até bem pouco tempo acreditava que a água era infinita no planeta sem se aperceber que o mau uso nas regiões de abundância e a decrescente quantidade de água doce podem ocasionar situações de calamidades futuras em função da degradação do planeta, como a poluição dos mananciais hídricos.
Exemplo disto o Brasil vem vivenciando, recentemente, com as consequências do desmatamento que ocasionou seca no Sudeste e alagamentos em outras regiões, tão bem explicado na mídia televisiva com intuito de orientação à população.
                      Evitemos todos que os homens tenham sede, cuidando dessa importante fonte de vida para todas as espécies do planeta, tanto humana, como a animal e a vegetal.
                        Só a conscientização será capaz de prover a saciedade no planeta.
                         Água a quem tem sede é a ordem imperiosa.
                                                            
                                                  Isabel C S Vargas
                                                  Pelotas-RS- Brasil



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